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Pedidos 8 anos de prisão para portuguesa que escondeu filha no carro

16 de novembro de 2018 às 12:34

Além da prisão efectiva, o Ministério Público francês quer ainda que a família seja seguida nos cinco anos seguintes à libertação de Rosa Cruz e que tanto a mulher como o marido deixem de ter qualquer custódia legal sobre a criança.

O Ministério Público francês pediu esta sexta-feira oito anos de prisão efectiva para Rosa Cruz, a mulher portuguesa radicada na região de Correze, no centro de França, que escondeu a filha na mala do carro, e está acusada de lhe ter causado profundos atrasos de desenvolvimento físico e mental.

Além da prisão efectiva, o Ministério Público francês quer ainda que a família seja seguida nos cinco anos seguintes à libertação de Rosa Cruz e que tanto a mulher como o marido deixem de ter qualquer custódia legal sobre a menina, que se chama Serena.

A pena máxima das acusações que pesam sobre Rosa Maria de maus tratos recorrentes e doença permanente causada a um menor de 15 anos por um familiar é de 20 anos, em França.

Em 2013, a criança, na altura com dois anos, foi descoberta na mala do carro de Rosa Cruz, quando esta teve de levar o veículo ao mecânico. Antes disso, a portuguesa afirmou, tanto no processo, como aos meios de comunicação franceses, que a menina vivia na cave da casa que partilhava com o marido e mais três filhos, mas ninguém tinha conhecimento da sua existência. Após o marido ter perdido o emprego e passar mais tempo em casa, Rosa Cruz terá passado a esconder a menina na mala do seu carro.

Rosa Cruz já mudou várias vezes a sua versão sobre os primeiros anos da filha, afirmando inicialmente que tomava bem conta da menina e, mais tarde, que a deixava até dois dias sem comer e sem qualquer assistência. Esta semana, em tribunal, admitiu que via a filha como "uma coisa".

"Queria passar por uma boa mãe para não perder os meus outros três filhos. Tudo o que disse durante os outros interrogatórios é falso. Para mim, a Serena era uma coisa que não existia", disse a portuguesa em tribunal, reforçando que nem sequer deu nome à menina e inventou Serena quando a polícia veio à sua procura.

Em 2013, a menina apresentava graves sinais de atrasos de desenvolvimento, não sendo capaz de levantar o pescoço ou sentar-se. Estava magra e tinha o aspecto de uma criança de cinco ou seis meses. Hoje, com sete anos, apresenta sinais de autismo profundo e défice mental de 80%.

A menina foi imediatamente retirada aos pais, assim como os três irmãos. A família foi seguida nos últimos cinco anos pelos serviços de assistência social em França, tendo os irmãos mais velhos regressado a casa. As acusações contra Rosa Cruz foram agravadas em 2016, quando uma perícia revelou que os maus tratos deixaram problemas físicos e mentais permanentes na criança.

Os psicólogos indicaram durante o julgamento que Rosa Cruz está apta a ser julgada, mas que teve síndrome de negação de gravidez, não se dando conta que estaria grávida e não tendo quaisquer sintomas nem ligação à criança.

O tribunal de Corrèze deve pronunciar-se ainda hoje sobre a pena a aplicar à portuguesa.

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