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Na China, Xi Jinping acabou com os banquetes. Tudo contra o desperdício

13 de agosto de 2020 às 11:53

Conhecidos pela gastronomia e pelo bom apetite, os chineses terão de adotar a austeridade, invertendo a tradição, que exige que sejam servidos à mesa tantos pratos quantos forem os convidados e mais um.

Banquetes sumptuosos, com inúmeros pratos, vão deixar de se realizar na China por ordem do Presidente, Xi Jinping, que considerou esta semana o desperdício de comida no país "chocante e preocupante".

Conhecidos pela gastronomia e pelo bom apetite, os chineses terão de adotar a austeridade, invertendo a tradição, que exige que sejam servidos à mesa tantos pratos quantos forem os convidados e mais um.

A nova regra estipula que seja servido um prato por convidado, menos um.

Várias associações profissionais do setor da restauração nas cidades de Pequim, Wuhan ou Xi'an estão a tentar impor este modelo. Os seus membros também são convidados a oferecer nos menus a possibilidade de encomendar pequenas porções, ou mesmo meias porções.

A iniciativa segue uma "instrução" emitida na terça-feira por Xi Jinping, que considerou "chocante e preocupante" o desperdício de alimentos pelos seus compatriotas.

"Apesar das boas colheitas que o nosso país consegue todos os anos, é necessário manter o sentido da crise em matéria de segurança alimentar", alertou o chefe de Estado e secretário-geral do Partido Comunista Chinês.

Num relatório de 2018, a Academia Chinesa de Ciências estimou a quantidade média de comida desperdiçada por pessoa em cada refeição em quase 100 gramas.

No final da refeição, a tradição chinesa exige que se deixe comida no prato, simbolizando assim que se comeu o suficiente.

Devido ao trepidante ritmo de desenvolvimento económico, a China passou de períodos de fome para um de consumo excessivo em poucas décadas.

Em 2015, a Academia de Ciências da Agricultura estimou em 35 milhões de toneladas a quantidade de alimentos desperdiçada todos os anos no país.

A China é o país mais populoso do mundo, com cerca de 1,4 mil milhões de pessoas.

As redes sociais assumiram a luta contra o desperdício.

As plataformas populares Douyin (ou TikTok, no exterior) e Kuaishou anunciaram que vão encerrar as contas dos utilizadores que se filmam a empanturrarem-se até ao extremo, um hábito conhecido pelo termo coreano ‘mukbang’.

Alguns internautas parecem duvidar dos resultados da nova política de austeridade.

"Devemos começar por mudar o nosso hábito nacional de exibicionismo", observou um utilizador na rede social Weibo, o Twitter chinês. "Pensamos sempre ser desprestigiante pedir um único prato para duas pessoas", apontou.

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