Ministros dos Negócios Estrangeiros da UE reúnem-se para discutir a Ucrânia e Gaza
A cimeira acontece um dia depois do ataque russo à cidade ucraniana de Sumy, que matou 34 pessoas e feriu cerca de 100.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros da União Europeia (UE) reuniram-se esta segunda-feira no Luxemburgo para discutir questões como o conflito na Ucrânia, as tensões no Médio Oriente e a relação entre o bloco e África.
O principal tópico na agenda da cimeira foi a guerra entre a Ucrânia e a Rússia, assim como o caminho para o cessar-fogo. Aos jornalistas, Kaja Kallas, a alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros, defendeu que é necessário impôr mais pressão à Rússia de forma a suspender os ataques na Ucrânia.
"Penso que temos de exercer a máxima pressão sobre a Rússia para que esta guerra termine, porque são precisos dois para se querer a paz", afirmou Kallas. "Só é preciso um para querer a guerra", acrescentou.
A cimeira acontece um dia depois das festividades de Domingo de Ramos e do mortífero ataque russo à cidade ucraniana de Sumy, que matou mais de 30 pessoas e feriu cerca de 100.
Segundo o ministro dos Negócios Estrangeiros (MNE) português, este ataque "mostra algo que temos reiteradamente afirmado, o governo de Putin não quer a paz". O ataque durante "a semana santa", um momento "altamente significativo quer para a Ucrânia, quer para a Rússia, tem um significado de querer continuar o conflito", defendeu Paulo Rangel.
Jean Noel-Barrot, o ministro francês, também realçou que a Rússia "não tem intenção" de concordar com o cessar-fogo, apelando a que a UE "imponha as sanções mais duras possíveis contra a Rússia, a fim de sufocar a sua economia e impedir que alimente o seu esforço de guerra".
A questão israelo-palestiniana também foi um dos principais tópicos da reunião. Kallas em antevisão com jornalistas explicou que depois da cimeira iriam ter um diálogo político de alto nível com a Palestina, para entender "o que está a acontecer em Gaza, o que mais podemos fazer para travar estas perdas de vidas terríveis", uma vez que a UE é o maior doador de ajuda humanitária da região.
Entretanto, a representante anunciou através da rede social X que o bloco irá "intensificar" o seu apoio ao povo palestiniano com um pacote de 1,6 mil milhões de euros até 2027 que "ajudarão a estabilizar a Cisjordânia e Gaza".
Elina Valtonen, a MNE da Finlândia, apelou "a ambas as partes para que regressem ao cessar-fogo" e reiterou: "Não deixar chegar ajuda humanitária suficiente à zona é algo que não podemos aceitar de todo".
A França anunciou na última semana que está em conversações para anunciar o reconhecimento da Palestina em junho. Questionado sobre se Portugal poderá seguir os seus passos, Paulo Rangel explicou que esta "posição francesa impõe condições", nomeadamente o reconhecimento mútuo e a exclusão do Hamas em qualquer eventual "processo pós cessar-fogo", que "não são fáceis de cumprir".
O ministro esclareceu ainda que o Governo tem uma "doutrina" no que toca à questão israelo-árabe e que ao longo do último ano "tem denunciado um conjunto de respostas desproporcionais de Israel".
No entanto, acredita que o reconhecimento do estado da Palestina pelos países da UE não tem impacto na atenuação do conflito "não há ligação entre uma coisa e a outra" e que o Governo quer "guardar esse reconhecimento" para o momento em que haja avanços para a solução dos dois estados.
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