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Maçons britânicos queixam-se de estigmatização injusta

09 de fevereiro de 2018 às 08:03

Através de anúncios nos jornais, certas lojas garantiram que os maçons são vítimas de "persistente e grosseira deturpação".

Os maçons britânicos colocaram na quinta-feira anúncios nos principais jornais para afirmarem que estão ser estigmatizados injustamente, depois de notícias de lojas clandestinas para jornalistas e políticos ressuscitarem alegações velhas, de séculos, de conspirações secretas.

A Grande Loja Unida de Inglaterra, que se descreve como uma organização fraternal com objectivos caritativos, publicou o anúncio sob a designação "Basta o que basta", assegurando que os maçons são vítimas de "persistente e grosseira deturpação".

Os anúncios apareceram em jornais como o Daily Telegraph e o Times.

"Os nossos membros não têm de se sentir estigmatizados", afirmou-se no anúncio.

Os maçons, que garantem que personalidades como George Washington e Benjamin Franklin foram seus membros, têm estado sujeitos a teorias da conspiração desde que a organização fraternal foi fundada há cerca de 300 anos.

O papa Clemente XII condenou a maçonaria em 1738 e uma comissão do parlamento britânico investigou o papel dos maçons na vida pública tão recentemente quanto 1999.

O diário The Guardian alimentou hoje estas teses, ao noticiar que duas lojas de membros do parlamento e jornalistas políticos "continuam a operar de forma secreta em Westminster".

David Staples, dirigente da Grande Loja Unida, afirmou que o tratamento da organização equivale a discriminação e que escreveu à comissão do Reino Unido para a Igualdade e Direitos Humanos sobre o assunto.

Mas Staples também disse que compreendia que as pessoas tivessem questões "sobre quem são e o que fazem os maçons" e que a maçonaria iria ter portas abertas e sessões de perguntas e respostas em todo o país nos próximos meses.

Adiantou que Loja recolheu mais de 33 milhões de libras (37,5 milhões de euros) para causas humanitárias no ano passado.

Entende-se que a Franco Maçonaria foi criada na Inglaterra e Escócia na Idade Média, enquanto organização dos construtores das grandes catedrais da Europa.

Mas sobreviveu enquanto organização social e ao longo do tempo a fraternidade espalhou-se pelo mundo, juntamente com os seus rituais e cerimónias.

O seu caráter clandestino e o uso elaborado de símbolos conduziram também à desconfiança, afirmou Andreas Onnerfors, autor do livro "Freemasonry: A Very Short Introduction" ("Maçonaria: Uma Introdução Muito Breve").

Para este autor, a perspectuiva pública da maçonaria geralmente cai em um de dois campos: idealização ou desconfiança.

Um promove a ideia de que o objetivo da maçonaria é "desenvolver uma responsabilidade caritativa pelo conjunto da humanidade", enquanto o outro sugere que o grupo "interfere em significativos setores da sociedade".

Onnerfors realçou que a recente polémica associada à decisão britânica de sair da União Europeia, o designado 'Brexit', criou um mal-estar político que autorizou o florescimento das teorias da conspiração, juntamente com preocupações com a eventualidade de organizações secretas terem influência no Governo.

"Toda a questão do 'Brexit' libertou medos existenciais quanto à posição do Reino Unido na Europa e no mundo", afirmou Onnerfors, professor associado na Universidade de Gotemburgo, na Suécia. "Você tem aquele medo de não saber para vai a política", acentuou.

Mas, na quinta-feira, o anúncio ofereceu uma nova página, com Staples a utilizar os novos meios para argumentar que a maçonaria é apenas um grupo fraternal.

"Eu gosto que tenham questões sobre quem somos e o que fazemos, portanto, por que não perguntar a quem sabe?", disse.

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