Secções
Entrar

Irão executa menor, ONU relembra Direitos das Crianças

Débora Calheiros Lourenço 29 de novembro de 2023 às 09:50

O Gabinete para os Direitos Humanos da ONU apelou "ao governo que deixe de utilizar procedimentos criminais para punir ativistas políticos e outros por exercerem os seus direitos à liberdade de expressão e reunião pacífica".

O Gabinete para os Direitos Humanos da ONU alertou na terça-feira para a condenação à morte de um jovem de 17 anos no Irão, pedindo ao país que retire e pena e que deixe de aplicar a pena de morte.

Twitter

"A execução de Hamidreza Azari, acusado de homicídio, é a primeira execução de um alegado delinquente infantil no Irão relatada este ano", referiu emcomunicado a porta-voz Elizabeth Throssell. A ONU lembrou também o país do Médio Oriente da sua obrigação, ao abrigo de várias convenções internacionais nomeadamente a das Nações Unidas sobre os Direitos das Crianças, de proibir as penas de morte e a sua aplicação para crimes cometidos por menores.

De acordo com o Iran Human Rights, desde 2010 já foram executados pelo menos 68 menores no país: "O Irão é um dos poucos países que condena à morte crianças e executa mais jovens do que todos os outros países. É preciso ter 18 anos para tirar a carta mas bastam 15 para ser executado".

A execução da pena ocorreu na passada sexta-feira, altura em que também foi executado "Milad Zohrevand, de 22 anos, a oitava pessoa a ser executada no contexto dos protestos de setembro de 2022", espoletados pela morte de Mahsa Amini nas mãos da polícia da moralidade. O jovem foi acusado de matar um oficial dos Guardas de Revolução durante uma manifestação na cidade de Malayer, em novembro de 2022.

Sobre Milad Zohrevand, o Gabinete para os Direitos Humanos da ONU referiu: "As informações disponíveis indicam que o seu julgamento não cumpriu os requisitos básicos para o devido processo ao abrigo do direito internacional dos direitos humanos. Existem também relatos preocupantes de que os pais de Zohrevand foram presos após a sua execução".

Segunda a Hengaw, uma organização pela defesa dos direitos humanos sediada na Noruega, Milad Zohrevand foi executado secretamente, durante a madrugada, sem antes ter sido informado da iminência da sua morte e não foi autorizado a ver a sua família uma ultima vez. Anteriormente já lhe tinha sido negado o acesso a um advogado.

O Irão tem vivido um período conturbado depois de a morte de Mahsa Amini, uma jovem curda de 22 anos, ter levado ao aumento da contestação civil. Amini encontrava-se detida pela polícia da moralidade após alegadamente ter violado o código de vestuário feminino no momento em que morreu.

As manifestações contra a opressão vivida no país espalharam-se mas as autoridades locais acabaram por conseguir reprimir os protestos, que originaram centenas de mortos de milhares de presos.

Elizabeth Throssell partilhou ainda que o Irão é um dos países onde existem mais penas de morte e que as minorias são desproporcionalmente condenadas. Mais de 600 pessoas foram executadas no Irão este ano, o número mais elevado desde 2015, afirmou o grupo de defesa dos direitos humanos, Contra a Pena de Morte, em abril.

Por fim o comunicado do Escritório para os Direitos Humanos da ONU apela "ao governo que deixe de utilizar procedimentos criminais para punir ativistas políticos e outros por exercerem os seus direitos à liberdade de expressão e reunião pacífica".

Também a Amnistia Internacional já tinha considerado que os enforcamentos são "concebidos pelas autoridades iranianas para enviar uma mensagem forte ao mundo e ao povo iraniano que não recuariam perante nada para esmagar a dissidência".

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela