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Governo dos Estados Unidos deixa de recomendar vacina contra sarampo

Lusa 19 de setembro de 2025 às 09:30

Especialistas justificam recomendação com o risco de efeitos secundários mínimos associados à vacina.

Especialistas nomeados pelo secretário para a Saúde dos Estados Unidos, Robert Kennedy Jr., decidiram deixar de recomendar a vacina contra o sarampo a crianças com menos de quatro anos de idade.
vacinas sarampo frança Media for Medical/UIG via Getty Images
O novo Comité Consultivo sobre Práticas de Imunização (ACIP, na sigla em inglês) justifica a recomendação com o risco de efeitos secundários mínimos e inofensivos associados à vacina combinada contra o sarampo, papeira, rubéola e varicela. De acordo com a decisão, divulgada na quinta-feira, a vacinação desta faixa etária será agora feita através de duas vacinas distintas: uma injeção contra as três primeiras doenças (VASPR) e outra apenas contra a varicela. No entanto, especialistas alertaram contra tal medida, que, segundo eles, semearia dúvidas de forma desnecessária e complicaria o acesso a estas vacinas. "Qualquer mudança deve fortalecer, e não enfraquecer, o sistema que garante a saúde das nossas crianças", disse a epidemiologista Syra Madad à agência de notícias France-Presse (AFP). "Esta é mais uma estratégia para assustar os pais", disse aos jornalistas Sean O'Leary, especialista em doenças infecciosas pediátricas. A vacinação recomendada para crianças nos Estados Unidos é evitada ou adiada por um em cada seis pais, que indicam falta de confiança nas vacinas e nas autoridades de saúde, segundo uma sondagem divulgada na terça-feira. Conduzida pelo The Washington Post e pela organização sem fins lucrativos KFF, a sondagem a mais de 2.500 pais mostra que a grande maioria destes continua a apoiar as atuais exigências de vacinação. Mas as taxas de vacinação têm vindo a recuar no país desde a pandemia de covid-19. A proporção de crianças em idade pré-escolar vacinadas contra o sarampo desceu a nível nacional de 95% em 2019 para 92,5% em 2024, com variações regionais significativas.  No Idaho (noroeste), está agora abaixo dos 80%, longe dos 95% recomendados para garantir a imunidade de grupo. Como resultado deste declínio nas taxas de vacinação, os Estados Unidos vivem em 2025 a sua pior epidemia de sarampo em mais de 30 anos, com três mortes, incluindo duas crianças. Esta mudança de recomendação quanto à vacina combinada contra o sarampo, papeira, rubéola e varicela pode ser seguida por outras. O comité nomeado por Robert Kennedy Jr., figura de destaque do movimento antivacinas, também examinou a vacinação de recém-nascidos contra a hepatite B e planeia avaliar hoje as vacinas contra a covid-19. Outras vacinações, sobretudo para as grávidas, serão reexaminadas mais tarde, anunciou Martin Kulldorff. O bioestatístico que lidera o comité garantiu que o grupo era "pró-vacina", em contraste com as "falsas alegações". "Quando há opiniões científicas divergentes, confie apenas em cientistas dispostos a dialogar e a debater publicamente", disse. Wilbur Chen, especialista em doenças infecciosas, discorda. "Não têm qualquer intenção de debater com base em ciência sólida", atirou à AFP. "Apenas repetem informações falsas e falsificadas", lamentou.
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