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Empresas chinesas apanhadas a fazer testes de gravidez ilegais a candidatas a empregos

Lusa 16 de julho de 2024 às 09:40

A lei chinesa proíbe explicitamente as empresas de fazerem testes de gravidez como parte dos exames físicos prévios à contratação, mas muitos empregadores estão preocupados com o custo dos subsídios de maternidade.

O Ministério Público de uma cidade do leste da China processou 16 empresas que pediam às mulheres que se submetessem a testes de gravidez antes de serem contratadas, informou hoje a imprensa local.

EPA/ALEX PLAVEVSKI

A procuradoria do distrito de Tongzhou, na cidade de Nantong, na província de Jiangsu, começou a investigar o caso após ter sido informada no início deste ano.

O artigo não refere se foram aplicadas multas, mas as empresas podem ser sancionadas até 50.000 yuan (6.330 euros) por discriminação sexual se se recusarem a corrigir o seu comportamento, de acordo com a lei chinesa.

Dois hospitais e um centro de exames físicos também foram apanhados na investigação, que descobriu que 168 testes de gravidez tinham sido efetuados a candidatas a emprego em nome de 16 empresas.

Os hospitais afirmaram que as mulheres afetadas não tinham sido avisadas por escrito da realização dos testes, tendo-lhes sido dados avisos orais deliberadamente vagos.

No entanto, os procuradores afirmaram que os registos de recrutamento e de seguro do pessoal das empresas sugeriam que as mulheres tinham sido testadas para verificar se estavam grávidas, acrescentando que, pelo menos num caso, uma mulher que se descobriu estar à espera de bebé não foi contratada.

A mulher acabou por ser contratada e recebeu uma indemnização depois de a empresa ter sido advertida.

"Podemos especular, a partir destas provas, que os testes de gravidez eram exigidos por estas empresas e que violavam o direito das mulheres à igualdade de oportunidades de trabalho", afirmaram os procuradores.

A lei chinesa proíbe explicitamente as empresas de fazerem testes de gravidez como parte dos exames físicos prévios à contratação, mas muitos empregadores estão preocupados com o custo dos subsídios de maternidade.

A lei varia de província para província, mas as novas mães na China têm direito a uma licença de maternidade até seis meses.

O caso surge numa altura em que o país asiático enfrenta uma queda acelerada no número de nascimentos. 

Segundo dados oficiais, em 2023, a população chinesa diminuiu em dois milhões de pessoas, a segunda queda anual consecutiva, face à descida dos nascimentos e aumento das mortes, após o fim da estratégia ‘zero casos’ de covid-19.

O número marca o segundo ano consecutivo de contração, depois de a população ter caído 850.000 em 2022, quando se deu o primeiro declínio desde 1961.

A queda e o envelhecimento da população estão preocupar Pequim, à medida que privam o país de pessoas em idade ativa necessárias para manter o ímpeto económico.

A crise demográfica, que chegou mais cedo do que o esperado, está já a afetar o sistema de saúde e de pensões, destacaram observadores.

A China acelerou o problema com a política do filho único, que reprimiu a taxa de natalidade, entre 1980 e 2015.

O fim da política de filho único resultou num ligeiro aumento no número de nascimentos em 2016, mas, nos anos seguintes, as cifras continuaram a cair.

O número de nascimentos no país asiático caiu de 17,86 milhões, em 2016, para 9,02 milhões, em 2023, uma queda superior a 50%.

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