Secções
Entrar

Divulgados documentos do acordo falhado de Hunter Biden

Andreia Antunes com Ana Bela Ferreira 03 de agosto de 2023 às 19:48

O acordo judicial atribuiu a conduta de Biden no caso de fuga aos impostos à sua dependência de drogas.

O acordo judicial que foi apresentado na semana passada a Hunter Biden no tribunal, foi tornado público esta quarta-feira, revelando novas informações sobre acusações de fuga ao fisco e de posse de arma ilegal que envolve o filho do presidente dos EUA, Joe Biden.

REUTERS/Jonathan Ernst

O acordo previa que Hunter Biden se declarasse culpado das duas acusações de não pagamento de impostos, em troca dos procuradores recomendarem uma pena de liberdade condicional. A acusação do posse ilegal de um revólver Colt Cobra.38 Special seria retirada em dois anos se o filho do presidente cumprisse os termos do acordo de desvio.

O acordo foi temporariamente anulado devido a questões levantadas pela juíza, na semana passada em tribunal. Os anexos do acordo judicial atribuíram a conduta de Biden em ambos os casos à sua dependência de drogas.

"Após a morte do irmão em 2015, Biden teve uma recaída e, com o tempo, passou do álcool para o abuso de drogas ilegais, incluindo cocaína em 2016", diz o documento. "No entanto, em 2017, apesar de seu vício, Biden entrou com sucesso em empreendimentos comerciais e conseguiu clientes legais, ganhando milhões de dólares."

No ano seguinte, a sua dependência piorou, período que Biden descreveu como "primavera e verão de devassidão ininterrupta". Apesar das avultadas quantias em dinheiro que o filho do presidente estava a ganhar e dos avisos do seu contabilista para pagar os impostos, estes não foram pagos em 2017 e 2018 e os seus gastos exorbitantes deixaram-no sem dinheiro, segundo o documento.

Em março e abril de 2019, recebeu cerca de 758 mil dólares (692 mil euros), mas acabou por gastar o dinheiro todo em "despesas pessoais, incluindo grandes levantamentos em dinheiro, pagamentos a ou em nome dos seus filhos, saldos de cartões de crédito e prestações do seu Porsche", refere o processo judicial.

Em maio de 2019, Hunter Biden ficou sóbrio e, com ajuda de um terceiro, pagou cerca de 2 milhões de dólares (1,8 milhões de euros) em impostos e multas atrasadas até outubro de 2021.

O documento de declaração de factos incluiu que no processo judicial dizia que Biden consumia cocaína no período em que comprou um revólver a um negociante de armas de fogo licenciado pelo governo federal no estado de Delaware, em outubro de 2018. Na altura em que comprou a arma, Hunter teve de preencher um formulário federal onde respondeu que não consumia estupefacientes ilegais.

O filho do presidente ficou na posse da arma durante 11 dias, altura em que consumiu crack regularmente. A arma foi encontrada no seu carro, juntamente com droga, e após esse episódio "posteriormente deitada fora num caixote do lixo à porta de um supermercado em Greenville, Delaware". Nos termos acordo, Biden não pode voltar a comprar ou a possuir uma arma.

Na segunda-feira, um trio de presidentes das comissões republicanas da Câmara dos Representantes anunciou que está a investigar as circunstâncias do acordo de confissão, incluindo as disposições sobre as quais Noreika manifestou preocupações. Classificam o acordo de "invulgar" e acusam o Departamento de Justiça de ter dado "um tratamento preferencial a Biden no decurso da investigação e proposta de resolução da sua alegada conduta criminosa".

Artigos Relacionados
Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela