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Dezenas de milhares de pessoas desfilaram em Budapeste apesar das proibições de Orbán 

Débora Calheiros Lourenço 29 de junho de 2025 às 12:00

O governo húngaro aplicou uma lei que criminaliza a realização ou comparência em eventos que envolvam a "representação ou promoção" da homossexualidade, no entanto o presidente da Câmara de Budapeste defendeu a marcha como um evento municipal que não precisa de autorização.

Dezenas de milhares de pessoas saíram às ruas em Budapeste para celebrar o Pride, conhecida marcha internacional pelos direitos LGBT, apesar das proibições do governo contra e aumento de ameaças contra a comunidade.

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Foto: AP Photo/Rudolf Karancsi
Foto: Szilard Koszticsak /MTI via AP
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Foto: AP Photo/Rudolf Karancsi

As ONGs locais estimam que tenha sido batido o recorde de pessoas presentes, superando em muito as expectativas de 35 a 40 mil pessoas: "Acreditamos que estejam entre 180 a 200 mil pessoas presentes", referiu a presidente da Marcha do Orgulho Gay de Budapeste, Viktória Radványi, ainda assim assumiu a dificuldade de conseguir uma estimativa mais precisa um vez que "nunca estiveram tantas pessoas". 

Além de se manifestarem pelos direitos da comunidade LGBT os presentes assumiram também estarem contra o governo de Viktor Orbán depois deste ter redobrado os seus esforços para limitar as suas liberdades: "Viemos porque tentaram proibir", partilhou Timi, uma mulher de 49 anos que viajou com a sua filha, Zsófi, de 23 anos desde Barcelona para estar presente. 

A realidade é que o partido de Orbán aplicou uma lei que criminaliza a realização ou comparência em eventos que envolvam a "representação ou promoção" da homossexualidade para menores, o que levou muitos húngaros a saírem pela primeira vez, naquela que foi a 30º Marcha do Orgulho. 

No início do mês a polícia chegou a anunciar que iria seguir as ordens do governo e proibir a marcha, no entanto o presidente da câmara da capital húngara, que é progressista, declarou que o evento se deveria realizar como um evento municipal separado de forma a conseguir evitar a necessidade de autorização oficial. 

Ainda assim, na sexta-feira, o primeiro-ministro húngaro referiu que aqueles que estivessem presentes iriam enfrentaras "consequências legais" e o seu ministro da Justiça, Bence Tuzson, afirmou que ao organizar um evento proibido e encorajar as pessoas a comparecer o presidente da Câmara de Budapeste estava a cometer um crime punível com um ano de prisão. 

Gergely Karácsony pediu que os manifestantes participassem na marcha com "calma e ousadia para lutar juntos pela liberdade, dignidade e direitos iguais", mas reiterou que a participação no evento era um símbolo do descontentamento contra o governo: "O governo está sempre a lutar contra um inimigo contra o qual eles precisam de proteger o povo húngaro. Desta vez, o alvo são as minorias sexuais, acreditamos que não deve haver cidadãos de primeira e segunda classe, por isso decidimos apoiar este evento". 

Em declarações aos jornalistas presentes no local, vários manifestantes referiam a "importância simbólica" do momento que pretendia "não só representar os gays, mas defender os direitos do povo húngaro", tal como referiu Akos Horvath de 18 anos que fez uma viagem de cerca de duas horas para estar presente. 

Membros de três grupos com ligações à extrema-direita planearam contramanifestações e segundo os meios de comunicação locais a rota teve mesmo de ser alterada depois de um desses grupos ter bloqueado a ponte.  

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