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Dez anos depois do Bataclan, filha do taxista português morto fala sobre o atentado: É um "vazio que nunca se fecha"

Luana Augusto 13 de novembro de 2025 às 17:22

Ataque vitimou 132 pessoas, entre os quais dois portugueses: um deles, um taxista, foi morto junto ao Stade de France. Foi a primeira pessoa a perder a vida.

Dez anos depois do ataque ao Bataclan, que ocorreu em França, Sophie Dias, a filha do taxista português morto, ainda luta contra as lágrimas e o "vazio que nunca se fecha". O pai foi a primeira pessoa a morrer no atentado, que ocorreu em 2015 e vitimou mais de uma centena de pessoas. Esta quinta-feira, junto à entrada do Stade de France, onde Manuel Dias morreu depois de terem sido detonados explosivos, Sophie contou que a sua ausência ainda "pesa todas as manhãs e todas as noites".
Dez anos após atentado no Bataclan, homenagens a vítimas com Macron em Paris AP Photo/Kamil Zihnioglu
“Dizem-nos para virar a página, mas a ausência é imensa. O choque permanece intacto e a incompreensão continua. Gostaria de saber porquê, gostaria de entender. Gostaria que esses ataques parassem”, lamentou citada pela agência de notícias Associated Press. Os ataques, que transformaram a capital francesa numa noite de horror, ocorreram por volta das 21h20 locais (20h20 de Lisboa) de 13 de novembro de 2015. A primeira explosão deu-se no Stade de France, onde se encontrava Manuel Dias para assistir a um jogo amigável entre França e Alemanha. De seguida, outros três homens invadiram a sala de espetáculos do Bataclan e abriram fogo contra uma multidão que estava reunida para um concerto de rock. Pelo caminho, houve também tiroteios em esplanadas de cafés e restaurantes. "Chegamos ao décimo aniversário e as emoções e a tensão estão por toda a parte para nós, sobreviventes", disse Arthur Dénouveaux, que conseguiu estava no Bataclan. "Nunca nos curamos completamente, apenas aprendemos a viver de forma diferente." Nesse dia morreram 132 pessoas, incluindo uma outra portuguesa e duas pessoas que acabaram por cometer suicídio. Outras centenas ficaram feridas. O cenário sangrento levou muitas pessoas a apelidar este atentado de o 11 de Setembro francês. Como consequência, Salah Abdeslam, o único agressor sobrevivente, foi condenado a prisão perpétua sem possibilidade de liberdade condicional. Outras 19 pessoas também foram condenadas.

O que esperar do dia de hoje?

Neste que é o primeiro dia de homenagens às vítimas, Sophie Dias esteve acompanhada pelo presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-dama, Brigitte Macron, que depositaram coroas de flores e fizeram um minuto de silêncio. “Dez anos. A dor permanece”, escreveu Macron na rede social X, ao dizer que França ainda se recorda “das vidas interrompidas, dos feridos, das famílias e dos entes queridos”. O presidente francês esteve em todos os locais dos ataques: os cafés Carillon, Petit Cambodge e La Bonne Bière, nos restaurantes Le Comptoir Voltaire, La Belle Équipe e finalmente no Bataclan, onde morreram 90 pessoas. Nas esplanadas dos cafés foram lidos os nomes das 39 pessoas que aí foram assassinadas. No local, estiveram também familiares e sobreviventes, além do ex-presidente François Hollande e o ex-primeiro-ministro Manuel Valls, líderes religiosos e representantes do jornal satírico Charlie Hebdo, cuja sede havia sido atacada no início desse ano. Também os parisienses se reuniram na Praça da República com velas, flores e bilhetes. As homenagens deverão culminar durante a noite com a inauguração do “Jardim da Memória de 13 de Novembro”. Concebido com a colaboração de associações de vítimas, trata-se de um recinto de pedra com os nomes das vítimas gravados. Já a Torre Eiffel deverá ser novamente iluminada com as cores da bandeira francesa e os sinos das igrejas em toda a capital, incluindo os da Catedral de Notre-Dame, tocarão ao início da noite.
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