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Covid-19: Pandemia e crise económica criaram “tempestade perfeita” em Angola

23 de novembro de 2020 às 16:29

Segundo um estudo feito em abril pelo Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola o PIB vai contrair 6,8% em 2020.

A crise provocada pela pandemia de covid-19 associada à crise económica, que já afetava Angola, criou uma "tempestade perfeita" que vai atrasar a recuperação do país, afirmou hoje o presidente do Conselho Económico e Social.

"Infelizmente, para nós angolanos, parece que está criada a tempestade perfeita, uma crise económica que se associou agora a uma crise pandémica", disse Alves da Rocha, na abertura do Fórum Angola organizado pelo Instituto Real de Relações Internacionais Chatham House.

De acordo com as projeções até 2025-2026, segundo o académico, "a retoma vai demorar, (…) com taxas de crescimento do PIB [Produto Interno Bruto] baixas, embora positivas".

Segundo um estudo feito em abril pelo Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica de Angola, do qual Alves da Rocha é diretor, o PIB vai contrair 6,8% em 2020.

Se estas previsões forem projetadas para a área social, o académico antevê uma "regressão social" refletida pela diminuição do PIB [anual] por habitante, indicador que prevê que vá descer para 1.700 dólares (1.437 euros), contra 5.600 dólares (4.735 euros) em 2014.

"Estou bastante apreensivo quanto à situação económica e social no meu país e às suas repercussões do ponto de vista político, e quando é que vamos conseguir inverter esta dinâmica negativa de crescimento do PIB. Já houve oportunidades de o fazermos, mas perdemos essas oportunidades", lamentou.

O economista-chefe do Standard Bank, Fáusio Mussa, disse existirem sinais de que 2021 pode ser um ano de recuperação económica para Angola, mas alertou para fatores de risco, como o resultado eleições dos Estados Unidos da América, a forma como a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e a intensidade da recuperação económica da China.

"Nós vemos Angola ainda em recessão no próximo ano e mesmo saindo temporariamente da recessão em 2022, parece que a economia não vai conseguir aguentar em 2023, devido sobretudo à maturidade dos campos petrolíferos, que pode ter impacto na produção de petróleo", avisou.

Os dois economistas falavam na sessão de abertura do evento anual, desta vez realizado de forma ‘virtual’, que vai discutir as reformas e prioridades políticas para promover a recuperação económica de Angola perante a pandemia de covid-19 e também a queda dos preços do petróleo, setor do qual a economia do país depende.

Uma intervenção do Presidente da República de Angola, João Lourenço, inicialmente anunciada foi cancelada.

O evento decorre até terça-feira e vai incluir intervenções de dirigentes de organizações oficiais e da sociedade civil e de partidos políticos.

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