Secções
Entrar

Covid-19: China torna-se na primeira economia a crescer

16 de julho de 2020 às 08:55

O país, onde a pandemia começou em dezembro passado, foi o primeiro a tomar medidas de confinamento altamente restritivas, mas também o primeiro a reabrir, em março.

A China tornou-se o primeiro grande país a retomar o crescimento económico, desde o início da pandemia da covid-19, alcançando uma expansão inesperada de 3,2%, no segundo trimestre, foi hoje anunciado.

De acordo com o Gabinete Nacional de Estatísticas chinês, os dados mostraram uma melhoria dramática, depois de ter sido retomada a atividade económica, em relação à contração de 6,8% registada no trimestre anterior, o pior desempenho da economia do país desde 1970.

No entanto, o crescimento alcançado entre abril e junho foi, ainda assim, no ritmo mais lento desde que a China começou a divulgar dados trimestralmente, no início dos anos 1990.

"Esperamos ver uma melhoria contínua nos próximos trimestres ", apontou Marcella Chow, do banco de investimento JP Morgan Asset Management, num relatório.

A China, onde a pandemia do novo coronavírus começou em dezembro passado, foi o primeiro país a tomar medidas de confinamento altamente restritivas, mas também o primeiro a reabrir, em março, depois de o Partido Comunista ter declarado vitória no combate contra a doença.

"A economia nacional foi de uma contração para se expandir", disse o GNE, em comunicado.

Economistas consideraram que a China vai recuperar provavelmente com mais rapidez do que outras grandes economias, devido à decisão do Governo chinês de ter imposto medidas de prevenção mais restritivas.

As autoridades isolaram cidades com um total de 60 milhões de pessoas e suspenderam o comércio e viagens após terem reconhecido a gravidade da epidemia, no final de janeiro.

O setor manufatureiro e outras indústrias estão a regressar aos níveis normais de atividade, mas os gastos dos consumidores permanecem fracos, devido à insegurança laboral.

Cinemas e alguns negócios permanecem encerrados ou com limitações no número de pessoas que podem atender.

"A pandemia está a criar vencedores e perdedores", disse Bill Adams, da consultora PNC Financial Services Group, num relatório. "A manufatura está a liderar a recuperação da China", apontou.

Analistas do setor privado afirmaram que até 30% da força de trabalho urbana, ou até 130 milhões de pessoas, podem ter perdido o emprego, pelo menos temporariamente. Cerca de 25 milhões de empregos podem ter desaparecido para sempre este ano.

Em maio, o Partido Comunista prometeu gastar 280 mil milhões de dólares (cerca de 246 mil milhões de euros) para estimular a economia, incluindo a criação de nove milhões de novos empregos, mas evitou juntar-se aos Estados Unidos, Japão e Europa no lançamento de pacotes de estímulo no valor de biliões de dólares, devido ao receio de aumentar o endividamento público.

No segundo trimestre do ano, a produção industrial subiu 4,4%, recuperando-se de uma contração de 8,4% no trimestre anterior, após a reabertura das fábricas que fornecem telemóveis, sapatos, brinquedos e outros bens para todo o mundo.

As vendas do retalho caíram 3,9%, em termos homólogos, uma melhoria em relação à contração de 19%, no trimestre anterior, quando milhões de famílias permaneceram confinadas em casa. As vendas do comércio eletrónico cresceram 14,3%, acima dos 5,9% registados no trimestre anterior.

As medidas para combater a pandemia paralisaram setores inteiros da economia mundial e levaram o Fundo monetário Internacional (FMI) a fazer previsões sem precedentes nos seus quase 75 anos: a economia mundial poderá cair 3% em 2020, arrastada por uma contração de 5,9% nos Estados Unidos, de 7,5% na zona euro e de 5,2% no Japão.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 579 mil mortos e infetou mais de 13,4 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela