Coronavírus: Espanha vai prolongar estado de emergência
Renovação de medidas até ao dia 25 de abril foi anunciada pelo primeiro-ministro, Pedro Sánchez, numa altura em que está “superado o pico” da pandemia da Covid-19 no país.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, anunciou hoje o prolongamento do "estado de emergência" até à meia-noite de 25 de abril, para travar a covid-19 numa altura em está "superado o pico" da pandemia.
"O Conselho de Ministros da próxima terça-feira vai pedir, mais uma vez, a autorização do Congresso dos Deputados para prorrogar, pela segunda vez, o estado de emergência […] até sábado, 25 de abril, à meia-noite", afirmou Sánchez numa mensagem televisiva, depois de uma ronda de contactos com os líderes da oposição.
O chefe do Governo indicou que as medidas de contenção muito rígidas, que incluem o confinamento em casa para todos, salvo os que trabalham em serviços essenciais, vão continuar, mas se a luta contra a pandemia evoluir de uma forma satisfatória, o "estado de emergência" deverá prosseguir, embora com os cidadãos a "começarem a recuperar alguma coisa" da sua vida.
"Tudo indica que estamos a começar a ver a luz ao fim do túnel", disse Pedro Sánchez, defendendo que, "uma vez superado o pico" da propagação do vírus da covid-19 na semana que passou, o país está "em condições de obrigar a baixar a curva" da expansão da epidemia.
O chefe do Governo manifestou a intenção do executivo de, a seguir ao fim-de-semana de Páscoa, começar a suavizar as medidas que impedem a deslocação de pessoas e permitir "recuperar" o "estado de emergência" inicial, em que se autorizava a deslocação ao local de trabalho para aqueles que não podem trabalhar a partir de casa.
"A vitória é possível e está cada dia mais próxima", disse Pedro Sánchez, que pediu "sacrifício e moral de vitória" para derrotar o novo coronavírus, acrescentando que na última semana "foram as horas mais duras e mais amargas", mas que o país conseguiu passar de uma taxa de propagação diária da covid-19 de 20% até os atuais 6%.
O chefe do Governo disse ainda que uma equipa de epidemiologistas e cientistas já está a preparar o plano a aplicar quando a curva de infeção baixar, mas avisou que irá continuar a pedir o parecer dos especialistas antes de tomar novas medidas.
Antes de fazer esta mensagem televisiva, Sánchez falou com os principais líderes da oposição de direita, que apoiaram a prorrogação do "estado de emergência".
O Governo espanhol decretou o estado de emergência durante 15 dias em 14 de março, que foi prorrogado pelo parlamento a partir de 28 do mesmo mês.
Espanha é um dos mais afetados pela pandemia da covid-19, tendo registado nas últimas 24 horas de balanço 809 mortes, o número mais baixo desde o sábado passado, alcançando um total de 11.744 vítimas mortais, segundo a atualização de hoje das autoridades sanitárias.
De acordo com o Ministério da Saúde espanhol, foram confirmados 7.026 novos infetados, o que confirma a desaceleração do ritmo da pandemia, sendo agora o total de contagiados de 124.736. Desde o início da pandemia do novo coronavírus, 34.219 pessoas que foram contagiadas tiveram alta e são consideradas como curadas (dados consolidados às 20:00 horas de Lisboa de sexta-feira). O número de mortes anunciado hoje (809) significa o segundo dia consecutivo em que baixa o número de vítimas mortais, que foi de 864 na quarta-feira, 950 na quinta-feira e 932 na sexta-feira.
Sánchez avisa que Espanha "nunca vai renunciar aos eurobonds"
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, avisou hoje que o país "nunca vai renunciar aos eurobonds" porque, segundo ele, "isso significa a solidariedade" e é para isso que serve a Europa.
"Se a União Europeia existe, é para enfrentar este tipo de crise", sublinhou Sánchez em resposta a uma pergunta dos jornalistas, feita de forma telemática, depois da mensagem televisiva que fez para anunciar o prolongamento do "estado de emergência" até à meia-noite de 25 de abril, para travar a covid-19 numa altura em está "superado o pico" da pandemia.
Segundo o chefe do Governo espanhol, a determinação do executivo em relação aos ‘eurobonds’ - euro-obrigações que neste momento também são chamadas ‘coronabonds’ - é "total e absoluta".
"A Europa não pode falhar desta vez, é tempo de a Europa proteger os europeus desta calamidade e desgraça. Houve resistências durante demasiado tempo a dar passos para avançar", disse Pedro Sánchez.
O primeiro-ministro espanhol mostrou-se convencido de que mesmo os governos mais reticentes "acabarão por tomar consciência de que, para salvaguardar e reforçar este projeto comum que se chama Europa", terão de aprender com a pandemia e avançar com o projeto europeu.
O presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, defendeu hoje numa entrevista que concedeu a vários jornais europeus o adiamento do debate sobre as euro-obrigações para depois de passar a crise da covid-19 e que, neste momento, a discussão se devia concentrar nas medidas em que há consenso entre os europeus.
O debate sobre as euro-obrigações divide há vários anos os países europeus do norte, nomeadamente a Alemanha e a Holanda, e os do sul, entre os quais estão Portugal, Espanha e Itália.
A emissão destes títulos de dívida pública à escala da União iria permitir aos países do sul financiarem-se a um preço mais baixo, protegidos pelas taxas de juro mais favoráveis garantidas aos do norte.
O debate sobre a emissão destas obrigações regressou em força nas últimas semanas, com a crise aberta pela situação criada com a covid-19, sobretudo as grandes dificuldades económicas com a paralisação da atividade económica em muitos países.
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