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Chefe da Cambridge Analytica admite que empresa teve papel na eleição de Trump

20 de março de 2018 às 22:40

O chefe executivo da empresa confessou a influência nas eleições americanas um jornalista, que se fez passar por um potencial cliente.

O chefe executivo da empresa Cambridge Analytica disse a um jornalista, que se fez passar por um potencial cliente, que a sua empresa desempenhou um papel importante na eleição de Donald Trump.

"Fizemos toda a pesquisa, todos os dados, todas as análises, toda a segmentação. Executámos toda a campanha digital, a campanha de televisão e os nossos dados informaram toda a estratégia", disse Alexander Nix, durante uma reunião gravada pelo Channel 4.

Esta revelação surge menos de uma semana depois de ter sido exposto que a Cambridge Analytica terá usado ilegalmente a informação de 50 milhões de utilizadores do Facebook para prever e direcionar as orientações de voto nas eleições presidenciais norte-americanas de 2016 enquanto trabalhava para a campanha de Donald Trump.

A emissora citou recentes alegações de um ex-funcionário de que a empresa utilizou incorretamente informações de mais de 50 milhões de contas do Facebook para ajudar o Trump, bem como os comentários não protegidos que Nix fez durante a sua reunião com o jornalista que ele pensava ser um cliente.

As autoridades britânicas estão a investigar a empresa Cambridge Analytica pelo seu tratamento de dados pessoais. A empresa negou as irregularidades.

O repórter do Channel 4 apresentou-se como um potencial cliente interessado em contratar a Cambridge Analytica para influenciar campanhas no Sri Lanka.

Alexander Nix afirmou ter-se encontrado "muitas vezes" com Trump, mas não forneceu detalhes e referiu que a empresa enviou e-mails com um "temporizador de autodestruição" durante a campanha Trump para tornar seu papel mais difícil de rastrear.

Nas imagens divulgadas na segunda-feira, o Channel 4 mostrou que Nix sugeria que a empresa poderia manchar os rivais políticos, oferecendo-lhes grandes quantidades de dinheiro ou tentando-os a situações sexuais comprometedoras.

O Channel 4 também citou Mark Turnbull, da Cambridge Analytica, que terá afirmado que a empresa poderia criar "organizações de proxy" para alimentar material negativo sobre candidatos da oposição.

A consultora Cambridge Analytica obteve, em 2014, informação relativa a mais de 50 milhões de utilizadores do Facebook nos Estados Unidos e usou-a para construir um programa informático destinado a prever as decisões dos eleitores e, por isso mesmo, influenciá-los, revelaram no sábado os diários London Observer e o New York Times.

O presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, instou hoje o fundador e administrador executivo do Facebook, Mark Zuckerberg, a prestar contas aos eurodeputados sobre o uso de dados de cidadãos europeus na sequência do escândalo da Cambridge Analytica.

Uma comissão parlamentar do Reino Unido também tinha anunciado que convocou Mark Zuckerberg para responder sobre o alegado uso de dados da rede social para influenciar indevidamente processos eleitorais.

Por outro lado, a comissária da informação do Reino Unido, Elizabeth Denham, também já disse que vai usar todos os poderes ao seu alcance para investigar o Facebook e a Cambridge Analytica.

A comissária está a tentar obter um mandato para fazer uma busca aos servidores da Cambridge Analytica.

O método de colheita de dados usado pela Cambridge Analytica também motivou investigações por parte da União Europeia, bem como de responsáveis federais e estaduais nos Estados Unidos.

A Comissão de Proteção de Dados da Irlanda (DPC) informou hoje que vai analisar o uso da publicidade política no Facebook, também devido ao alegado uso indevido de dados por parte da Cambridge Analytica.

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