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Brexit: Infraestruturas e sistemas informáticos britânicos por terminar

11 de dezembro de 2020 às 16:46

Segundo um relatório tornado público, sistemas informáticos alfandegários, "alguns deles que vão entrar em operação no final deste mês, ainda estão em desenvolvimento e testes", a construção de portos e instalações alfandegárias interiores ainda está em curso "e, em alguns locais, ainda não começou".

O Reino Unido tem por completar infraestruturas e sistemas informáticos aduaneiros necessários para a exportação de bens para a União Europeia a partir de 01 de janeiro, concluiu uma comissão da Câmara dos Lordes britânica. 

"Não estamos confiantes de que todos os meios tecnológicos, físicos e de bem-estar necessários estarão em vigor a tempo de evitar ou mitigar interrupções significativas após o final do período de transição", avisa a Subcomissão para os Bens Europeus, após escutar testemunhos de várias organizações. 

Segundo um relatório tornado público, sistemas informáticos alfandegários, "alguns deles que vão entrar em operação no final deste mês, ainda estão em desenvolvimento e testes", a construção de portos e instalações alfandegárias interiores ainda está em curso "e, em alguns locais, ainda não começou".

Mostram-se também preocupados a falta de medidas para salvaguardar o bem-estar dos milhares de motoristas de veículos pesados que se estima que vão ter de passar muitas horas em longas filas à espera de passar os controlos necessários para atravessar o Canal da Mancha até França. 

"Não se trata apenas de instalações sanitárias. Os motoristas vão precisar de comer, esticar as pernas, beber um café e fazer uma pausa", avisam os membros da câmara alta do Parlamento britânico.

Um estudo feito pelo governo britânico admitiu que, na pior das hipóteses, a região de Kent a caminho do porto de Dover poderá acumular filas de até 7.000 camiões e demorar até dois dias para chegar até às estradas da União Europeia (UE).

O executivo criou parques de estacionamento especiais e vai exigir autorizações para os camionistas entrarem na região de Kent.

Três semanas antes do prazo do final de ano, as filas de veículos de mercadorias já são uma realidade em ambos os lados do Canal da Mancha, resultado da acumulação de reservas por empresas do Reino Unido devido ao risco de caos na fronteira no início do ano.

Muitas empresas estão a tentar fazer aprovisionamentos com antecedência, ou estão a pedir mais do que o normal na tentativa de recuperar o atraso na produção devido às restrições relacionadas com a pandemia de covid-19, além do transporte de equipamento de proteção de saúde. 

Além de engarrafamentos, há várias semanas que os portos estão congestionados e os circuitos de abastecimento bloqueados devido ao aumento de movimento relacionado com a época do Natal.

Na semana passada, a construtora de automóveis Honda suspendeu a produção e a fabricante de bicicletas Brompton também se queixou da falta de peças. 

Perante os problemas, nove organizações industriais escreveram esta semana uma carta ao ministro dos Transportes, Grant Shapps, instando-o a adotar medidas para amenizar o congestionamento.

"Embora estejamos esperançosos de que o pico de congestionamento já tenha passado, os altos níveis (de mercadorias) podem persistir por alguns meses, para além do período de transição" do 'Brexit', avisaram o Grupo dos Grandes Portos do Reino Unido, Câmara de Transporte Comercial e Logistics UK, entre outros.

As negociações entre a UE e o Reino Unido recomeçaram hoje em Bruxelas, com um prazo apertado até domingo para se tentar alcançar um acordo de comércio pós-'Brexit'.

As duas partes admitiram nos últimos dias divergências que dificultam um entendimento antes de 31 de dezembro, o que implicará a aplicação de barreiras ao comércio como quotas e taxas aduaneiras nos produtos importados pelos respetivos mercados a partir de 2021. 

Desde a saída oficial da UE em 31 de janeiro, o Reino Unido continuou a aplicar as regras europeias e somente após o final do período de transição é que sairá do mercado único e da união aduaneira dos 27.

O acesso europeu às águas britânicas, as garantias exigidas pela UE em termos de concorrência em troca do acesso britânico sem tarifas nem quotas ao mercado único e mecanismo de resolução de conflitos são os principais pontos de discórdia. 

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