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Antigo guarda de campo de concentração nazi começa a ser julgado

06 de novembro de 2018 às 07:47

O alemão é acusado de ter servido entre Junho de 1942 e Setembro de 1944 num campo localizado a quarenta quilómetros de Gdansk. O MP não revelou a identidade do acusado que é um pintor de paisagens aposentado.

Um antigo guarda de 94 anos do campo de concentração nazi de Stutthof, no norte da Polónia, vai começar a ser julgado esta terça-feira em Munster, na Alemanha, acusado de cumplicidade em centenas de assassínios.

O alemão, que vive em Munster, é acusado de ter servido entre Junho de 1942 e Setembro de 1944 neste campo localizado a quarenta quilómetros de Gdansk. O Ministério Público não revelou a identidade do acusado que, segundo o diário Die Welt, é um pintor de paisagens aposentado.

"Tinha entre 18 e 20 anos de idade na época. Como supervisor, ele guardava o campo, as cercas e as torres de vigia", num período em que centenas de pessoas "foram gaseadas e morreram de fome ou a tiro", afirmou o promotor público de Dortmund, Andreas Brendel.

O acusado tinha "conhecimento de todos os métodos usados para matar" e, assim, foi cúmplice no "assassínio de centenas de pessoas", mesmo que não tenha participado diretamente, segundo a acusação.

De acordo com o Die Welt, o homem negou à polícia em Agosto de 2017 ter conhecimento das atrocidades que foram cometidas no campo de concentração, alegando, nomeadamente, que os soldados também tinham passado fome.

Stutthof foi o primeiro campo de concentração nazi activado fora da Alemanha no final de 1939 e um dos últimos a ser libertado pelos Aliados em maio de 1945. No campo - que recebeu cerca de 110 mil pessoas, entre judeus, ciganos e polacos -, há a registar 65 mil mortes, de acordo com o Museu Stutthof em Sztutowo.

O local foi guardado pelas SS (corpo de elite alemão) e por pessoal auxiliar ucraniano, tendo servido inicialmente como centro de detenção de prisioneiros de guerra e opositores polacos, noruegueses ou dinamarqueses antes de receber judeus oriundos dos países bálticos e da Polónia, na sua maioria mulheres, deportados a partir de 1944 no âmbito da "solução final" nazi.

Após a sua libertação, menos de cem dos mais de dois mil membros que ali serviram às ordens do regime nazi foram levados a tribunal, a maioria em Gdansk e na antiga República Federal da Alemanha, de acordo com o museu.

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