Advogado diz que Eva Kaili foi vítima de "tortura"
O representante da antiga vice-presidente do Parlamento Europeu diz que a polícia impediu a grega de dormir ou de se lavar durante três dias.
O advogado de Eva Kaili, Michalis Dimitrakopoulos, acusou a justiça europeia de deter a eurodeputada grega em condições desumanas, sem conseguir dormir e sem ter acesso a higiene básica, classificando estas práticas como "tortura". O representante da ex-vice-presidente do Parlamento Europeu sublinhou ainda a inocência da sua cliente.
Numa declaração à saída da audiência num Tribunal de Bruxelas onde apelou a que Kaili fosse libertada preventivamente, o advogado referiu que a eurodeputada nunca manteve um relacionamento profissional com o ex-eurodeputado italiano Pier Antonio Panzeri, um dos principais suspeitos no escândalo de corrupção Qatargate. Panzeri era desde há pelo menos um ano vigiado pelos serviços secretos belgas e, segundo a imprensa, também recebeu dinheiro de Marrocos para defender os interesses daquele país norte-africano no Parlamento Europeu.
Dimitrakopoulos aproveitou ainda a presença dos jornalistas à frente do tribunal para denunciar o comportamento que considerou desumano dos agentes que detiveram a sua cliente. "Desde a tarde de quarta-feira, 11 de janeiro, até sexta-feira, 13 de janeiro, Eva Kaili esteve detida num confinamento solitário", por decisão do juiz encarregue do seu caso. "Durante 16 horas foi mantida numa cela de uma esquadra, não numa prisão, exposta ao frio, sem que lhe tivessem oferecido um cobertor", continuou, denunciando ainda que a luz da cela esteve sempre acesa, o que impediu que a ex-eurodeputada de adormecer. Além disso, segundo o advogado, não teve também "permissão para se lavar, embora estivesse menstruada".
O advogado lembrou o princípio de inocência e que este deve sempre ser observado, apesar de qualquer tipo de acusação ou investigação. "Os comportamentos violam a Convenção Europeia dos Direitos Humanos. São uma tortura que nos remetem à Idade Média", acusou mesmo o advogado.
Eva Kaili foi exonerada do cargo de vice-presidente do Parlamento Europeu em dezembro, devido às suspeitas de corrupção que recaem sobre si. A grega foi também removida do grupo dos Socialistas & Democratas depois da revelação do escândalo e a agora eurodeputada não-inscrita foi detida a 9 de dezembro.
É suspeita, ao lado de vários outros eurodeputados, de ter recebido grandes somas de dinheiro por parte do regime do Qatar para influenciar o Parlamento Europeu favoravlemente no que toca ao emirado. Um total de cerca de 1,5 milhões de euros em dinheiro foi apreendido pelos procuradores belgas nas residências de Kaili e Panzeri e de uma mala na posse do pai de Kaili.
O Qatar negou todas as acusações de subornar oficiais europeus.
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