Escolhido por unanimidade pelo júri, o encenador e realizador retirou a candidatura que tinha feito, por "inadiáveis e incompatíveis com o exercício das funções" que entretanto surgiram.
O Teatro Nacional São João (TNSJ), no Porto, vai fazer um novo concurso internacional para escolher a direção artística, porque o candidato escolhido no anterior concurso, o realizador Tiago Guedes, retirou a candidatura, foi esta segunda-feira anunciado.
Este teatro nacional tinha aberto um concurso em outubro passado para escolher o sucesso de Nuno Cardoso, cujo mandato na direção artística termina na terça-feira.
Em comunicado, o TNSJ revela esta segunda-feira que o júri deste concurso deliberou "por unanimidade" escolher o candidato Tiago Guedes, realizador e encenador, para o quadriénio 2025-2028.
No entanto, Tiago Guedes "retirou a sua candidatura, invocando compromissos profissionais em 2025, que se revelaram inadiáveis e incompatíveis com o exercício das funções para que seria designado".
Por não haver lugar "a seriação e ordenação das candidaturas não selecionadas na fase de decisão e nomeação", o TNSJ propôs e o Ministério da Cultura determinou um novo concurso internacional, que abrirá "no primeiro semestre de 2025".
O conselho de administração do teatro nacional tem de apresentar à tutela, até 30 de abril, "os elementos necessários para a abertura de um novo concurso", refere o comunicado.
Até à conclusão do novo concurso, a programação artística vai ser executada "internamente pelas equipas do TNSJ".
O júri do primeiro concurso integrou Pedro Sobrado (presidente do conselho de administração do TNSJ), Cláudia Leite (vogal do conselho de administração), Alexandra Moreira da Silva (professora universitária e investigadora teatral), Luísa Costa Gomes (escritora, dramaturga e tradutora) e Salvador Santos (produtor teatral e gestor cultural).
Nuno Cardoso assumiu a direção artística do TNSJ em janeiro de 2019 -- sucedendo no cargo a Nuno Carinhas (2009-2018) -- tendo sido reconduzido em julho de 2022 para o triénio de 2022-2024.
No TNSJ, o encenador e ator Nuno Cardoso dirigiu, nos últimos anos, peças como A Morte de Danton, de Georg Büchner, Bella Figura, de Yasmina Reza, Castro, de António Ferreira, O Balcão, de Jean Genet, Espectros, de Henrik Ibsen, Lear, de Shakespeare, e Ensaio Sobre a Cegueira, a partir de José Saramago, além produções próprias como Achadiço.
Antes, Nuno Cardoso já levara aos palcos do TNSJ peças como O Despertar da Primavera, de Wedekind, Woyzeck, de Büchner, e Platónov, de Tchékhov.
Durante a sua direção artística, que coincidiu com o centenário do TNSJ e o encerramento para obras, em 2021, além da pandemia de covid-19, o teatro acolheu igualmente outros encenadores e companhias, como os antigos diretores Ricardo Pais e Nuno Carinhas, e produções como Kastrokriola, do dramaturgo cabo-verdiano Caplan Neves.
Para o quadriénio 2025-2028, o TNSJ definiu várias orientações estratégicas, nomeadamente a valorização da produção própria, a divulgação dos repertórios e o estímulo às novas escritas, a ênfase na formação e na direção de atores, o aprofundamento da responsabilidade social da instituição, a ampliação do raio de ação nacional, o desenvolvimento da vocação internacional e a afirmação de um polo de conhecimento e pensamento.
De acordo com as alterações aos estatutos dos teatros nacionais, introduzidas em 2023, o mandato da nova direção artística terá a duração de quatro anos, com a possibilidade de duas renovações, por iguais períodos, e a sua designação pela Ministra da Cultura passa a ser precedida de um concurso internacional.