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O que vamos poder ver no Teatro do Bairro Alto, no primeiro trimestre

"O fim foi visto" de Teresa Coutinho é uma das peças de uma programação que inclui teatro, dança, música e performance.

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Edição de 5 a 11 de agosto
Lusa 19 de dezembro de 2024 às 18:27
JonnyRuff

A programação do Teatro do Bairro Alto (TBA) para o primeiro trimestre de 2025 transforma as crises em espetáculos, com 15 propostas artísticas, que incluemO fim foi visto, de Teresa Coutinho, a partir deCassandrade Christa Wolf.

Os artistas de dança Davi Pontes & Wallace Ferreira, a companhia Plataforma285, a artista interdisciplinar Inês Campos, a atriz e comediante Lucy McCormick, a dançarina Inés Sybille Vooduness, o músico Tashi Wada e o acordeonista João Barradas são outros nomes que vão passar pelo TBA, de janeiro a março do próximo ano.

O fim foi vistoé um espetáculo escrito e criado pela atriz, criadora e dramaturga Teresa Coutinho, a partir deCassandrade Christa Wolf e de uma extensa pesquisa em torno da Caça às Bruxas, que será apresentado de 25 de fevereiro a 1 de março.

Cruzando pesquisa e ficção, elementos históricos e reflexões acerca de desfechos políticos futuros, Teresa Coutinho efabula sobre uma futura ditadura, em que as mulheres, acusadas de bruxaria, voltam a ver os seus direitos brutalmente restringidos.

De acordo com a programação, esta é uma homenagem à "intuição, tantas vezes menosprezada", mas também "uma fábula sobre o medo, a passividade e a repetição cíclica dos mecanismos de opressão", numa reflexão sobre os perigos do crescimento da extrema-direita em toda a Europa.

Este espetáculo é um dos exemplos referidos pelo diretor do TBA, Francisco Frazão, que avisou que neste trimestre o teatro recebe "crises feitas espetáculos, negações da negação", respostas em forma de espetáculo ao "não" que "quem resolveu dedicar-se a fazer arte" se habituou a ouvir.

"Entre janeiro e março, veremos como a intuição pode reescrever a História; como interrogar palavras e poses pode desmascarar a violência estrutural; como focar o detalhe revela universos; como os sonhos são políticos", acrescenta.

Na programação do TBA, a primeira proposta do ano pertence a Inês Campos, o espetáculo de dança e performanceFio ^, que teve estreia absoluta no DDD -- Festival Dias da Dança, que entrelaça as linguagens da dança, da música, do teatro visual, da poesia e dostorytelling, numa viagem íntima pelos recantos da mente, que convida a explorar os caminhos recônditos da intimidade e da vulnerabilidade, em cena entre 9 e 11 de janeiro.

Um concerto dos Netos de Bandim, que representam a cultura guineense, terá lugar no dia 17 de janeiro e, no dia 22, abre-se uma assembleia para conversar sobre "Imaginação radical como prática de libertação", com intervenções de Aissatu Seidi, Apolo de Carvalho, Mavá José, Rezmorah, Vanessa Amaral e Vânia Doutel Vaz.

A performanceCrice crice baby, da Plataforma285, que pensa sobre a obsessão humana pela crise, cruzando artes performativas, dança, artes visuais e um concerto ao vivo, em cena entre 20 de janeiro e 01 de fevereiro, completa a programação para o primeiro mês.

A dupla brasileira Davi Pontes & Wallace Ferreira, cujo trabalho artístico se situa na intersecção entre a dança, aperformancee as artes visuais, estreia-se em Lisboa, em fevereiro, com a apresentação de três propostas que compõem o seu corpo de trabalho mais recente: o filme/instalaçãoDelirar o racial(dias 7 e 8) e as duas últimas peças da trilogia repertório -Repertório n.º 2eRepertório n.º 3(respetivamente, a 7 e 8 de fevereiro).

Para concluir este programa, o público é convidado a conhecer melhor o pensamento que sustenta as suas obras, numa conversa mais abrangente, subordinada ao tema "Coreografia da palavra", que conta com a presença de artistas locais, nomeadamente Natacha Campos, Lukanu Mpasi e Jorge Cipriano.

No mesmo registo, está prevista uma conversa performativa, no dia 5 de fevereiro, com Lola Rodrigues a.k.a. SoundPreta, intitulada "Da boca ao universo".

Nos dias 14 e 15 sobe ao palco a peçaLucy and friends, de Lucy McCormick, um espetáculo de cabaret 'queer', que mistura de forma caótica dança do varão, imitação de gatos, uma vidente e políticas sociais reformuladas à pressa.

O mês de março começa com um concerto do compositor e músico norte-americano Tashi Wada (filho do artista japonês Yoshi Wada, do grupo Fluxus), que no dia 5 apresentaWhat is not strange, ao lado da sua parceira Julia Holter, acompanhado por Corey Fogel na bateria e percussões.

No dia 6, André de Campos protagoniza a conversa performativa "Da boca ao universo", a partir do ensaioAlianças antissistema: varrer as ruínas e adiar o fim dos mundos, da escritora brasileira Helena Silvestre.

Entre 14 e 16, a dançarina e investigadora cultural Inés Sybille Vooduness apresenta-se no espetáculo de dança a soloSimbi em águas astronómicas, e no dia 23, atuam o acordeonista de música erudita e jazz João Barradas e o coletivo Ensemble Supernova (Festival Rescaldo).

A terminar a programação do mês de março, o artista e investigador Henrique J. Paris apresenta uma conferência-performance, no dia 28, intituladaHumming as a praxis, na qual encena movimentos, lamentos e coreografias de significado contra-colonial.

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