Valete em vídeo: "Nunca foi tão difícil para um artista português entrar no mercado"
O rapper, que celebra 20 anos de carreira em 2023, fala das dificuldades do mercado para os novos artistas, da sua importância além-fronteiras e do seu atual espaço no movimento.
"Só os super-heróis farão 20 anos de carreira" diz Keidje Lima, mais conhecido como Valete, numa retrospetiva sobre as últimas duas décadas de carreira, que esta sexta e sábado materializa em concertos nos Coliseus de Lisboa e do Porto.
Pioneiro do movimento hip-hop em Portugal, Valete sentou-se com a SÁBADO na Damaia, onde vive, e discutiu, entre outros temas, o estado do rap no país, as dificuldades que enfrentou na quebra de preconceitos, e a luta que travou contra os interesses das editoras sobre o seu processo criativo.
A carregar o vídeo ...
Entrevista a Valete
No que diz respeito ao futuro, o músico aponta o holofote à expansão da sua discografia, que para já conta dois trabalhos de longa duração, Educação Visual (2002) e Serviço Público (2006), mas também à escrita como existência separada da música.
No presente, Valete aplaude os novos talentos do movimento, nomes como Slow J, T-Rex ou Gson. "Não estão a reproduzir os clássicos, isso é importante. É muito difícil fazeres melhor do que eu, do que o Sam The Kid, do que o Regula. O importante para as novas gerações é encontrar o novo [...] eles trazem coisas novas".
Decidido a apresentar novos trabalhos ao público, o rapper admite que ao longo dos 20 anos houve momentos de "estagnação", mas não o vê como sendo "necessariamente mau". Foi um processo de fazer as pazes consigo mesmo, de ultrapassar a "negação", e levar em diante a única causa que ainda o move. "Eu nasci para fazer rap. Sou o Luka Modric, que já não está fresquinho mas é um sábio no campo."