Em causa estão acusações de discurso de ódio antissemita e alegado apoio a grupos terroristas por parte do trio de rap norte-irlandês.
Foi através de um comunicado nas redes sociais que Zoltan Kovacs, secretário de estado dos negócios estrangeiros húngaro, anunciou que os membros dos Kneecap seriam oficialmente banidos de entrar no País. Na publicação, Kovacs acusa o trio de rap norte-irlandês de recorrer "repetidamente ao discurso de ódio antissemita", além de demonstrar "apoio ao terrorismo e a grupos terroristas".
A decisão antecede o concerto dos Kneecap agendado para 11 de agosto no festival de música de Sziget, em Budapeste, um dos maiores da Europa.
"Na Hungria não toleramos qualquer forma de antissemitismo", escreveu Zoltan Kovacs, acrescentando que o grupo apresenta "uma ameaça à segurança nacional" e que, caso entre em território húngaro, será "imediatamente expulso conforme as normas internacionais".
A controvérsia em torno da banda não é nova: em junho deste ano, o rapper Liam Óg Ó hAnnaidh, um dos vocalistas dos Kneecap, conhecido como Mo Chara, foi presente a tribunal no Reino Unido, acusado de um crime relacionado com terrorismo após alegadamente exibir uma bandeira afeta ao Hezbollah num concerto em Londres. hAnnaidh, que acabou libertado sob fiança, emitiu depois um comunicado em que negava a acusação, garantindo que a banda se "defenderia com veemência".
No seguimento deste episódio, também no Reino Unido, os Kneecap estiveram sob investigação após comentários alegadamente proferidos durante o festival de música de Glastonbury. Desta feita, nenhuma ação judicial foi tomada por "falta de provas que sustentassem uma acusação real", esclareceram as autoridades.
A participação do trio no festival britânico, contudo, já havia gerado discussão nas semanas que antecederam o evento, levando mesmo à intervenção pública do Primeiro-Ministro, Keir Starmer, que disse não concordar com a presença dos Kneecap.
Formados em 2017 por Liam Óg Ó hAnnaidh (Mo Chara), Naoise Ó Caireallain (Móglaí Bap) e J. J. Ó Dochartaigh (DJ Próvaí), os Kneecap destacaram-se pela defesa e uso do dialeto irlandês, pelas letras provocatórias que evocam o proletariado, a cultura da juventude e o republicanismo irlandês, e pelo merchandising extravagante. Nos últimos meses, particularmente ao vivo, a banda tem mostrado apoio à causa palestiniana, condenando o genocídio em Gaza, o que motivou reações adversas, da política à sociedade.
Exemplo disso foi a exclusão da banda do cartaz do festival TRNSMT, em Glasgow, Escócia, devido a preocupações policiais com a segurança pública. Já no festival Coachella, na Califórnia, o apoio à Palestina demonstrado no decorrer da atuação - em que exibiram mensagens no palco - valeu-lhes mais críticas: Sharon Osbourne - viúva do músico Ozzy Osbourne, falecido na terça-feira, 22 de julho - pediu a revogação dos vistos dos músicos.