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Netflix vai mesmo a julgamento por causa da série "Baby Reindeer"

Após Fiona Harvey ter avançado com o processo legal nos EUA, o criador de "Baby Reindeer" relatou em tribunal anos de "perseguição, assédio, abuso e ameaças". Na semana passada, o juiz considerou que a série foi classificada erradamente como verídica pela Netflix.

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Netflix vai mesmo a julgamento por causa da série 'Baby Reindeer'
Sofia Parissi 30 de setembro de 2024 às 20:17
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Um juiz dos EUA decidiu que Fiona Harvey, a mulher que serviu de inspiração para a série de sucesso Baby Reindeer, podeprosseguir com o processo legal de difamação e negligência contra a Netflix. A mulher acusa a plataforma de streaming de ter anunciado erroneamente a história da série como verídica, sem ter confirmado os factos.

Lançada em abril deste ano, Baby Reindeer dá a conhecer um caso de perseguição e assédio que o próprio criador da série, Richard Gadd, afirma ter sido vítima entre 2014 e 2017. Durante os sete episódios, o nome de Fiona Harvey nunca é mencionado, sendo substituído por Martha Scott.

No entanto, apesar do criador da série ter alertado os espetadores para não tentarem descobrir as pessoas reais, a mulher que inspirou Martha foi encontrada rapidamente pelo público. Após o lançamento da série, Fiona Harvey anunciou numa entrevista ao jornalista Piers Morgan que iria iniciar um processo de difamação contra a Netflix, alegando já ter recebido várias ameaças de morte. Martha Scott representa a alegada perseguidora na série e é interpretada pela atriz Jessica Gunning, sendo que Gadd se representa a si próprio.

De acordo com o jornal The Guardian, Harvey alegou ainda que o programa insinua que ela terá abusado sexualmente de Gadd e que terá sido condenada a uma pena de prisão por persegui-lo, o que segundo a própria não aconteceu. O tribunal acabou por concluir que a história da Netflix não é verdadeira e a decisão foi anunciada pelo juiz Gary Klausner, no estado da Califórnia, a 27 de setembro. Em julho, em resposta ao processo legal, Gadd relatou anos de "perseguição, assédio, abuso e ameaças" e a Netflix tentou anular a ação, sem sucesso.

"Há uma grande diferença entre perseguir e ser condenado por perseguição num tribunal", escreveu o juiz. E sobre as diferenças entre a série e os acontecimentos da vida real fez notar: "Há grandes diferenças entre toque inapropriado e agressão sexual, bem como entre empurrar e arrancar os olhos de outra pessoa".

Gary Klausner mencionou ainda o facto dos episódios começarem com a frase "esta é uma história verdadeira", o que na sua visão pode levar os espetadores a assumir os acontecimentos como factos. A frase terá sido adicionada pela Netflix, apesar dos receios de Richard Gadd, de acordo com um artigo da Sunday Times. 

Sobre a Netflix, o juiz acrescentou, citado pelo The Guardian: " (...) os arguidos não fizeram qualquer esforço para investigar a exatidão dessas declarações e representações, nem tomaram medidas adicionais para ocultar a identidade [de Fiona Harvey]". Na ação legal, Fiona Harvey pede 170 milhões de dólares de indemnização.

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