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Apontamentos finais de Bowie foram descobertos no seu escritório

A partir de 13 de setembro, as notas originais de David Bowie podem ser vista num centro dedicado ao músico no museu V&A East, em Londres.

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Apontamentos finais de Bowie foram descobertos no seu escritório
Sofia Parissi 05 de setembro de 2025 às 18:51
David Bowie
David Bowie AP Photo

Nos últimos meses de vida, David Bowie tinha iniciado um projeto secreto chamado The Spectator, que foi encontrado trancado no seu escritório em 2016, após a sua morte. Agora as notas, descritas pelo próprio como um “musical do século XVIII”, foram doadas ao museu V&A East Storehouse, em Londres.

De acordo com a BBC, que teve acesso às notas, o projeto mostra o fascínio do músico britânico pela arte e sátira em Londres no século XVIII, mas também pelas histórias de gangues criminosos. Escrever para peças de teatro seria um dos sonhos do artista. “Logo no início, eu queria muito escrever para o teatro”, disse numa entrevista a John Wilson, da BBC Radio 4, em 2002.

As notas escritas em post it foram encontradas afixadas nas paredes e guardadas no escritório do músico em Nova Iorque, que permanecia sempre trancado. De acordo com a BBC, foi encontrado também um caderno com cópias de citações e artigos do The Spectator, uma publicação periódica que circulava na sociedade londrina no século XVIII. Estas anotações podem ser vistas a partir de 13 de setembro, depois da inauguração do David Bowie Centre no museu V&A East Storehouse.

Bowie dava pontuações de 0 a 10 aos ensaios que encontrava nesta publicação e uma das pontuações mais altas foi atribuída a uma história duas irmãs: uma delas, mais bonita e mais vaidosa, perdeu o pretendente para a outra irmã, que apesar de mais simples era mais carinhosa. Por outro lado, as notas também mostram que Bowie estava interessado nas práticas de crime e punições desta época. Segundo o jornal britânico, numa das notas o músico considera tornar Jack Sheppard, um ladrão britânico do início do século XVIII, numa das personagens principais.

Além disso, Bowie também analisa a obra de pintores como Joshua Reynolds e William Hogarth. “Ele estava interessado no desenvolvimento dos musicais em Londres nesse período e em como os musicais eram usados para sátira política, particularmente em relação ao governo de Robert Walpole”, refere Madeleine Haddon, curadora principal da coleção, citada pela BBC.

"Parece que ele estava a pensar: “Qual é o papel dos artistas neste período? Como é que os artistas estão a criar uma espécie de comentário satírico?”, acrescenta. 

Considerado um dos mais inovadores músicos do século XX, Bowie lançou um último álbum no ano da sua morte, Blackstar, que muitos fãs assumiram como uma despedida. O músico morreu aos 69 anos, vítima de um cancro no fígado.

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