As nomeações para os Óscares 2023 foram reveladas esta semana e a grande surpresa terá sido Andrea Riseborough, nomeada na categoria de Melhor Atriz pelo seu desempenho no filmeTo Leslie, uma produção independente de baixo orçamento que não foi considerada nos principais prémios do cinema. Agora, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anunciou que vai averiguar se as campanhas dos candidatos às estatuetas cumpriram as regras em vigor.
Sem referir diretamente o nome da atriz britânica, a Academia garante ter "confiança na integridade dos procedimentos de nomeação e votação", adiantando que apoia "campanhas populares genuínas para desempenhos excecionais", porém, a estrutura quer averiguar se é necessário "mudar as diretrizes numa nova era das redes sociais e da comunicação digital". O conselho de governadores da Academia vai reunir-se na terça-feira, dia 31.
Com estas indicações, torna-se claro que em causa está a campanha levada a cabo nas redes sociais por atrizes consagradas que apoiaram a nomeação de Andrea Riseborough. Entre as apoiantes contam-se Kate Winslet, Jane Fonda, Demi Moore, Jennifer Aniston, Charlize Theron ou Amy Adams. Também terão sido organizados jantares para fazerlobbypela atriz. As suspeitas sobre a legalidade da campanha a favor da protagonista deTo Lesliefoi levantava pelo sitePUCK.
Em causa estão ainda suspeitas de que Mary McCormack, a mulher do realizador Michael Morris, terá enviado, juntamente com alguns amigos,emailsa membros da Academia eleitores dos nomeados para que vissem o filme. Segundo as regras, é proibido entrar em contacto direto com os membros da Academia fora das regras estabelecidas para a promoção de filmes e candidatos a Óscares.
Existe ainda a dúvida se a entrada de Riseborough na categoria de Melhor Atriz não deixou de fora duas atrizes negras protagonistas de dois filmes realizados por mulheres negras: Viola Davis, porThe Woman King, e Danielle Deadwyler, porTill.
Um dos exemplos usados é a campanha que a atriz Frances Fisher fez na sua página de Instagram. Nomeadamente umpostsobre como iria fazer para facilitar a nomeação de Andrea Riseborough.
A própria reagiu à sua nomeação dizendo estar "surpreendida". "Foi muito difícil acreditar que poderia acontecer porque não estávamos na corrida para mais nada", afirmou ao siteDeadline.
Este tipo de averiguações e queixas não é inédito e levou a Academia, em 2014, a retirar uma nomeação ao compositor Bruce Broughton e da sua músicaAlone Yet Not Alone,do filme homónimo. Tudo porque ficou provado que tinha "pressionado indevidamente" mais de 70 membros eleitores para nomearem a sua canção. Na época, a Academia justificou a decisão dizendo que "trabalha para fazer tudo o que pode para garantir condições equitativas a todos os possíveis candidatos aos Óscares - incluindo aqueles que não têm acesso, conhecimento e influência de um membro da Academia".