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Arrancou o sprint para a Comissão Europeia

João Carlos Barradas 30 de abril de 2024 às 11:44

Debates, negociações, sondagens e equilíbrios: o que conta para chegar ao cobiçado lugar de Ursula von der Leyen, determinante na arquitetura da UE.

A campanha eleitoral para a presidência da Comissão Europeia arrancou oficiosamente segunda-feira com um debate em Maastricht, nos Países Baixos, entre os candidatos ao cargo dos principais partidos políticos do Parlamento Europeu.

As mudanças climáticas, questões de política externa e de segurança, além da transparência, democraticidade e legitimidade das instituições europeias, dominaram o debate organizado pelo site informativo POLITICO Europe, de Bruxelas, e o Studio Europa Maastricht, um centro de debate neerlandês.

O Partido Popular Europeu (PPE) lidera as sondagens sobre intenção de voto para as eleições europeias, que terão lugar entre 6 e 9 de junho, sendo a sua candidata, a atual presidente Ursula Von der Leyen, favorita para renovar o mandato. Mas não é, contudo, um dado adquirido. Von der Leyen precisa de obter a nomeação para o cargo pelos chefes de Estado e Governo dos 27 e do voto favorável da maioria dos 720 eurodeputados, o que implica acordos entre os diversos partidos no PE.

Os chamados Spitzenkandidat (candidatos-líderes, em alemão) são designados pelos partidos europeus antes das eleições para o PE desde 2014, tendo o luxemburguês Jean-Claude Juncker assumido a presidência da Comissão, após a vitória do PPE, com 422 votos a favor e 250 contra na votação realizada em julho. Em 2019, o PPE voltou a ser o partido mais votado, mas o seu Spitzenkandidat , Manfred Weber, não conseguiu uma maioria no PE. A então ministra da Defesa de Berlim surgiu como candidata de compromisso, vindo a ser eleita com 383 votos a favor e 327 contra, só mais 9 votos do que os 374 então necessários.

O compromisso entre o PPE, o Partido Socialista Europeu (PSE) e o Partido da Aliança dos Liberais e Democratas pela Europa (PALDE) levou a que o socialista neerlandês Frans Timmermans assumisse uma das vice-presidências, cabendo a outra à liberal dinamarquesa Margrethe Vestager, enquanto o espanhol Josep Borrel ficava como Alto Representante para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.

REUTERS/Yves Herman

A arte do negócio

A presidência do Conselho Europeu coube, por sua vez, ao liberal belga Charles Michel que sucedeu ao conservador polaco Donald Tusk. A primeira mulher a presidir à Comissão Europeia desde a criação da Comunidade Económica Europeia, em 1957, teve pela frente o luxemburguês Nicolas Schmit, atual Comissário do Emprego e Direitos Sociais, candidato pelo PSE, segundo maior partido do PE que deverá manter essa posição segundo as sondagens, no debate patrocinado pela Universidade de Maastricht, a Província de Limburg, a Cidade de Maastricht e o PE desde 2014. Os Conservadores e Reformistas Europeus, que as sondagens apontam como terceiro partido mais votado não se fizeram representar no debate por não terem nomeado um Spitzenkandidat .

O Grupo Identidade e Democracia, extrema-direita, que pode igualmente aspirar a ser a terceira maior força no PE, esteve representado pelo dinamarquês Anders Vistisen e a alemã Marie-Agnes Strack-Zimmermann, e falou em nome da Aliança de Liberais e Democratas pela Europa que aparece também como possível terceiro partido mais votado.

Os demais representantes dos oito dos dez partidos do PE que participaram no debate foram o austríaco Walter Baier (Grupo de Esquerda), o neerlandês Bas Eickhout (Verdes), o romeno-moldovo Valeriu Ghiletchi (Movimento Político Cristão Europeu) e a alemã Maylis Roßberg (Aliança Livre Europeia). 

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