Secções
Entrar

Síria: Jantar solidário em Lisboa granjeou verba para Capacetes Brancos

05 de março de 2018 às 22:57

Desde o início do conflito na Síria, em 2011, os White Helmets já salvaram quase 100 mil pessoas. E 204 destes voluntários foram mortos quando tentavam salvar vidas.

Milhares de quilómetros separam Lisboa de Ghouta Oriental e o sofrimento da população daquele enclave perto de Damasco, insistentemente bombardeado pelas forças sírias ultimamente, não foi esquecido num jantar solidário, que permitiu granjear verbas para os Capacetes Brancos.

Habitualmente encerrado à segunda-feira, o "Mezze", restaurante da Pão a Pão - Associação para a Integração de Refugiados do Médio Oriente, abriu especialmente e reuniu 64 pessoas para degustar os sabores da cozinha síria, confeccionados e servidos à mesa por refugiados da Síria.

Esta segunda-feira, o dia era de folga para as cozinheiras e os empregados de mesa sírios, mas a causa foi mais importante: cada refeição servida, no valor de 25 euros, reverteu para os Capacetes Brancos, organização civil de socorristas sírios que opera em Ghouta Oriental, o último bastião da oposição ao presidente da Síria, Bashar al-Assad.

"A ideia surgiu da necessidade de querermos contribuir para o que está a acontecer em Ghouta. A Alaa Hariri, que faz parte da associação, trouxe este desafio de ajudar os Capacetes Brancos. Imediatamente, organizámo-nos para fazer um jantar solidário", explicou Rita Melo, vice-presidente da Pão a Pão.

Satisfeita pela adesão ao jantar solidário, Rita Melo salientou que as pessoas "acederam logo" à iniciativa, lembrando que "em duas horas" ficaram preenchidas "as vagas do jantar".

No entanto, "ficaram muitas pessoas de fora", pelo que se admite a possibilidade de "repetir a iniciativa", talvez "noutro local, com mais pessoas, de forma a angariar-se verbas para os Capacetes Brancos", nomeados para o Nobel da Paz em 2016, tendo recebido o prémio Right Livelihood, o chamado "Nobel alternativo".

Rita Melo realçou a importância do "impacto social" do restaurante "Mezze", um "projecto da associação Pão a Pão", aberto em Setembro do ano passado.

"É um negócio com impacto social, em que o primeiro objectivo é a captação de refugiados do Médio Oriente e a respectiva empregabilidade", frisou, referindo que "Mezze" tema actualmente 12 sírios a trabalharem.

Com o propósito de assegurar que "a integração seja efetiva", a associação Pão a Pão pretende alargar o espaço do "Mezze", no Mercado de Arroios, estando, neste momento, em fase de "obras necessárias" em sala ao lado do restaurante, "para alargar a área de negócio para o 'catering' e se empregar mais refugiados".

Em perspectiva está igualmente "replicar este modelo de negócio, com outras pessoas", no Porto.

No "Mezze", trabalham igualmente refugiados provenientes do Iraque e da Palestina.

Sitiada desde 2013 pelas forças governamentais, Ghouta Oriental tem sido alvo nas últimas semanas de intensos bombardeamentos (apesar da aprovação de uma trégua humanitária no Conselho de Segurança da ONU) e enfrenta uma grave crise humanitária, marcada pela escassez de alimentos e de medicamentos. Mais de 600 civis, incluindo uma centena de crianças, perderam a vida nos bombardeamentos das últimas semanas.

No terreno estão aqueles que são conhecidos a nível internacional como Capacetes Brancos. Esta força civil síria é composta por cerca de 3.400 voluntários, homens e mulheres com as mais variadas profissões, de professores a engenheiros, mas também bombeiros, alfaiates ou estudantes.

Descubra as
Edições do Dia
Publicamos para si, em três periodos distintos do dia, o melhor da atualidade nacional e internacional. Os artigos das Edições do Dia estão ordenados cronologicamente aqui , para que não perca nada do melhor que a SÁBADO prepara para si. Pode também navegar nas edições anteriores, do dia ou da semana.
Boas leituras!
Artigos recomendados
As mais lidas
Exclusivo

Operação Influencer. Os segredos escondidos na pen 19

TextoCarlos Rodrigues Lima
FotosCarlos Rodrigues Lima
Portugal

Assim se fez (e desfez) o tribunal mais poderoso do País

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela
Portugal

O estranho caso da escuta, do bruxo Demba e do juiz vingativo

TextoAntónio José Vilela
FotosAntónio José Vilela