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Operação Picoas leva a novas buscas na Altice em França

Negócios 18 de novembro de 2025 às 16:16

As autoridades francesas fizeram quase três dezenas de buscas a empresas e domicílios, o que resultou na apreensão de 14 milhões de euros em contas bancárias, carros e artigos de luxo. Portugal está a colaborar com justiça francesa.

A Polícia Judiciária francesa lançou uma mega-investigação ao grupo Altice, em consequência da Operação Picoas, que abalou a empresa do mesmo grupo em Portugal. As autoridades em França avançaram com uma investigação por suspeitas de corrupção que abrangeu 15 habitações e 14 empresas localizadas em todo o país, ainda que focado nas regiões de Île-de-France, Córsega, Var and Vosges.
Nesta operação, de acordo com vários meios de comunicação, a PJ francesa apreendeu vários bens, nomeadamente veículos, artigos de luxo e mais de 14 milhões de euros em contas bancárias. "Esta ação coordenada teve como objetivo recuperar provas úteis para a continuação das investigações" relativas à Operação Picoas, com a Procuradoria Nacional Financeira a especificar as apreensões.  O procurador Jean-François Bohnert recorda que as autoridades estão a investigar "um vasto esquema de corrupção" que envolve "corrupção privada, fraude organizada e lavagem de dinheiro organizada, em detrimento da Altice". O procurador assegura que as autoridades francesas e portuguesas estão a trabalhar em conjunto na investigação, e que as operações se iniciaram após a . Esta investigação chega num momento crítico para o grupo e para o dono do grupo, Patrick Drahi. Isto porque o milionário foi alvo de um processo em Genebra, imposto pelo ex-sócio Armando Pereira, que assegura ter direitos sobre várias entidades do grupo, no âmbito de investimentos privados de Drahi. Também a SFR, operadora francesa debaixo do extenso chapéu da Altice, está num processo de "desmantelamento", em que vários concorrentes estão a tentar comprar ativos da empresa por um valor global de 17 mil milhões de euros. De recordar que a Operação Picoas, que abalou todo o universo Altice, levou à detenção de Armando Pereira, amigo e sócio de Patrick Drahi, bem como de uma rede próxima de contactos. As autoridades descobriram, durante a investigação, uma rede de fornecedores e intermediários que, alegadamente, receberam comissões ilegais de contratos da Altice em Portugal, França e Estados Unidos.  Os procuradores admitem que se trata de um "esquema complexo", em que eram usadas empresas falsas para atuar como intermediárias entre o grupo de telecomunicações e fornecedores. Os ganhos conseguidos com preços inflacionados terão sido utilizados para apoiar as operações de lavagem de dinheiro que envolvem empresas sediadas em França e no estrangeiro, "em benefício dos principais instigadores deste sistema". A justiça acredita que o esquema conduzido pelos executivos da Altice terá lesado o Estado francês, além do grupo empresarial, em largas centenas de milhões de euros. Em Portugal, a investigação aos negócios da Altice evidenciou que o Estado foi prejudicado em mais de 100 milhões de euros.
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