Greve geral dos jornalistas com impacto em vários órgãos de comunicação
Paralisão de 24 horas é a primeira em 40 anos. Noticiários das rádios e sites dos jornais estão já a ser afetados pela paragem. Jornalistas protestam contra os baixos salários, a precariedade e as pressões editoriais.
Os jornalistas estão, esta quinta-feira, em greve. Uma paralisação geral de 24 horas convocada pelo Sindicato dos Jornalistas (SJ) e que não acontecia desde 1982. Alguns sites, noticiários nas rádios e a agência de notícias Lusa refletem já esta manhã os sinais da greve.
Na Antena 1 e na TSF desde a meia-noite que não estão a ser emitidos noticiários, também o serviço da agência Lusa tem estado parado desde essa hora, marcando o arranque da paralisação. Jornais como oJornal de Notícias e oDiário de Notíciasemitiram uma nota onde dão conta de "perturbações no serviço informativo que presta aos seus leitores", alertando para uma menor frequência de notícias tanto nos seus sites como nas redes sociais.
Além da greve geral, estão marcadas concentrações de jornalistas em Coimbra, pelas 9h, no Porto e em Ponta Delgada, às 12h, e em Lisboa, às 18h.
O sindicato defendeu que esta greve geral é "um grito de alerta" para apoiar o jornalismo antes que seja "tarde demais". Antes do arranque da greve, que terminará hoje às 23h59, o presidente do sindicato, Luís Simões, antecipava, em declarações à Lusa, uma "forte adesão".
"Não fazemos greve há 40 anos, neste momento temos mais que do que motivos para o fazer porque na verdade o exercício do jornalismo degradou-se de uma forma incrível", afirmou Luís Simões, acrescentando que os salários "são mínimos e a exigência para os jornalistas é máxima".
"O número de jornalistas vai aumentado, mas os salários são tão baixos que para cada um que sai são precisos entrar três ou quatro porque hoje ganha-se muito mal no jornalismo", sublinhou. "Não se pode ganhar muito mal numa profissão" com as exigências do jornalismo, "o salário médio de um jornalista hoje não chega aos 1.000 euros, quando a maior parte deles está nos centros urbanos", onde os custos da habitação são elevadíssimos, apontou.
Além das exigências laborais, o sindicato aponta mais um motivo para o protesto: "O jornalismo neste momento em Portugal não é de todo apoiado", enfatizou. "Portugal é dos países da União em queper capitamenos apoios há para a comunicação social", destacou Luís Simões.
Por isso, a greve é "também um grito de alerta para o poder político e para os decisores: ou se apoia agora o jornalismo livre e independente ou vai ser tarde demais".
De um universo de mais de 5.000 jornalistas em Portugal, o SJ conta atualmente com "2.451 sócios".
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