BPI: Isabel dos Santos e La Caixa "condenados a entenderem-se"
"Acho que tem de haver bom senso", defendeu o presidente do Conselho de Administração do banco BIC, que não vê outra hipótese que não um acordo entre ambas as partes
O presidente do Conselho de Administração do banco BIC afirmou, esta terça-feira, que os accionistas angolanos e espanhóis do BPI e do BFA estão "condenados a entenderem-se".
Falando em conferência de imprensa em Luanda, Fernando Teles considera que as empresas participadas pela empresária angolana Isabel dos Santos (Santoro e Unitel) e o grupo La Caixa, o maior accionista do BPI terão de chegar a acordo. "Acho que os accionistas do BFA, incluindo a Unitel e o La Caixa, estão condenados a entenderem-se, porque o Banco Nacional de Angola tem a última palavra e, se quiser, pode inviabilizar o negócio", afirmou, numa referência à venda da participação do BPI no banco angolano.
"A partir do momento em que não houve acordo final das negociações, o Governo português, de forma unilateral, decidiu desblindar os estatutos para a banca toda", mas a lei é "dirigida para a venda do BPI", considerou o banqueiro, reconhecendo que estas negociações afectam também os dois países.
"É importante para os dois países e com certeza que mais tarde ou mais cedo, de um lado a Santoro e por outro o Caixa Bank hão-de chegar a acordo para que o epílogo entre o BPI e o BFA se resolva", acrescentou Fernando Teles.
"Acho que tem de haver bom senso" e "as entidades estão condenadas a ir-se entendendo", disse o administrador do BIC, esperando que o impasse não prejudique as relações diplomáticas.
"É bom para Portugal, é bom para Angola que os empresários se entendam, precisamos todos uns dos outros, a economia é global e os portugueses e os angolanos têm uma grande afectividade, têm interesses recíprocos e, por isso, é de todo o interesse que haja, de parte a parte, alguma ponderação e acho que o tempo também ajuda a resolver os problemas", afirmou o banqueiro angolano.
No entanto, Fernando Teles considera que "ainda vai passar muita água por baixo da ponte antes de haver uma decisão final, porque também há muitas entidades envolvidas".
"A situação não é só empresarial, é empresarial na fase inicial, mas também é uma situação política, porque entre os Estados e as empresas tem de haver reciprocidade", salientou Fernando Teles, que critica a legislação aprovada por Portugal, que favorece o grupo La Caixa.
"A desblindagem dos estatutos do BPI não é boa para os pequenos accionistas e para o accionista que tinha cerca de 20%", diz, recordando que quando Isabel dos Santos entrou no banco "havia essa blindagem. Por conseguinte, para haver desblindagem devia haver primeiro um acordo, porque caso contrário estamos a mudar as regras do jogo a meio do caminho e isso não é normal".
Edições do Dia
Boas leituras!