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A app de dating portuguesa que quer chegar aos Estados Unidos

Ana Taborda 11 de novembro de 2025 às 10:35

A ideia é recriar o ambiente de um bar, com uma videochamada inicial que dura apenas oito minutos. Um dos primeiros casais junta uma portuguesa e um alemão - namoram há um mês.

Nenhum dos investidores iniciais da nova aplicação de encontros portuguesa - a Eight, que quer recriar o ambiente de um bar, neste caso online - estava sem emprego: Miguel Moreira da Cruz trabalhava no Dubai, na área comercial, Afonso Simão tinha uma empresa que vendia roupa de fitness, Thomas Bjørn Momsen geria vários investimentos: é, por exemplo, um dos fundadores da Too Good to Go, uma app que permite comprar comida a preços mais baixos (em restaurantes, pastelarias ou supermercados) e salvá-la do desperdício. Todos estavam, no entanto, solteiros. “Costumávamos encontrar o Thomas no ginásio. Sabíamos que ele já tinha tido vários problemas com apps de dating. Chegou a contratar um assistente para ir por ele às páginas das aplicações”, conta Miguel Moreira da Cruz.
Miguel Moreira da Cruz e Afonso Simão, co-fundadores da Eight, uma nova app de dating portuguesa
Foi o empurrão que faltava para criarem uma app que garantem ser diferente. “Funciona como um bar, que só está online entre as 20h e 21h. A essa hora as pessoas que entram na app veem os vídeos de apresentação dos utilizadores - cada um deles com 30 segundos - e podem escolher alguém para fazer uma videochamada. Têm que conversar”, explica Miguel Moreira da Cruz. “Quando os oito minutos de chamada terminam, decidem se querem manter-se em contacto ou não. Basta fazer um sorriso, como na vida real. Quisemos acabar com os swipes e replicar uma experiência mais autêntica, em que as pessoas se conhecem primeiro”, acrescenta.
O alemão Fred e a portuguesa Matilde são um dos primeiros casais Eight
É por isso que, para aceder à app, é preciso filmar um vídeo de 30 segundos, uma espécie de apresentação em que fala de si mesmo. Este vídeo funciona como perfil permanente - só é substituído se gravar outro. “Todos os vídeos são vistos por nós e nenhum entra na app sem que seja aceite. Se fizer um vídeo em tronco nu ou a beber, por exemplo, vai ser recusado. “É muito fácil roubar a identidade de alguém e fazer um perfil em apps de dating. Já tivemos amigas com esse problema.”  A app começou a ser preparada em outubro de 2024, foi lançada em maio para IOS [o sistema operativo dos iPhones] e em julho para Android. “Neste momento temos mais de mil utilizadores e pelo menos um casal, uma portuguesa e um alemão que namoram há cerca de um mês.” “Conheci o Fred depois de dois dias a usar a Eight”, conta a portuguesa Matilde. “Depois da chamada falámos um pouco por mensagem, e como já o tinha conhecido através de videochamada foi mais natural combinar em pessoa." No caso de Fred, era o quarto date que fazia na Eight - até aí, nenhum deles tinha sido bem sucedido. “Uma das vantagens é que não é preciso investir muito tempo a falar com alguém, porque é mais rápido perceber se há ou não interesse”, acrescenta. E com Matilde, o interesse foi mútuo. Para já, a app é gratuita, mas o próprio site da Eight anuncia que, em breve, haverá serviços premium. O objetivo é chegar aos 50 mil utilizadores nos próximos seis meses. E internacionalizar a marca, que angariou, até agora, 200 mil euros de vários investidores: empresas portuguesas, fundadores da Too Good to Go e da Medley Capital. "Já temos influencers grandes, como o Sr. Mirtilo", diz Miguel. A próxima meta é chegar ao Reino Unido, e depois aos Estados Unidos e Canadá.    
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