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700 milhões de impacto da greve? "Seguramente será muito menor que isso", diz economista

Negócios 10 de dezembro de 2025 às 14:20

O impacto da greve geral de quinta-feira será muito mais político do que económico, considera João Cerejeira. O economista acha exagerada a estimativa da Ordem, que fala de 700 milhões com 50% de adesão.

Fazer contas ao impacto económico da greve não é tarefa fácil e os números variam. A Ordem dos Economistas, por exemplo, aponta para 700 milhões de euros, num cenário de 50% de adesão, nos setores público e privado. Mas o economista João Cerejeira considera esta estimativa "um bocadinho exagerada". O impacto da greve, diz, será mais político que económico.
Greve da função pública com adesão elevada nos setores da saúde e segurança social FILIPE AMORIM/LUSA
"Na prática o que se fez foi olhar para o valor do PIB anual e dividir pelo número de dias, portanto, seria um dia sem produção. Mesmo havendo greve geral, continua a haver produção, há muitas empresas que não vão encerrar, há muitos serviços que não encerram, a economia do país não vai parar (...) Esse seria o valor máximo do impacto da greve geral, seguramente será muito menor que isso", comenta, em entrevista ao programa do Negócios no canal Now.  O professor da Universidade do Minho explica que há países que tentam medir, por exemplo, o impacto de um feriado adicional, concluindo que se reflete em 0,1% a 0,2% do PIB - neste caso "300, 400 milhões". "Vai depender muito do grau de adesão e de quais os setores que serão afetados", diz, lembrando que algumas pessoas, mesmo não aderindo à greve, ficarão impedidas de trabalhar por falta de transportes. Apesar de hoje haver mais teletrabalho do que na última greve, em 2013 - o que poderia mitigar o impacto da supressão de transportes -, o economista lembra que há também muito mais gente a trabalhar. "Temos mais um milhão de trabalhadores na economia do que tínhamos há 10 anos (...) Prova disso é que vemos os transportes públicos bastante mais cheios, mais ocupados do que tínhamos há 10 anos (...) Portanto, temos mais pessoas em teletrabalho, é certo, mas temos muito mais pessoas a trabalhar e a necessitarem de se deslocar", explica.
Mais do que perda económica, Cerejeira aponta para "um impacto real no conforto e na qualidade de vida de muitos trabalhadores durante este dia, porque não têm os transportes, porque precisam de ir ao médico, a uma urgência hospitalar e não vão ser atendidos". Em suma, diz, "teremos um impacto político mais relevante do que propriamente o impacto económico".
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