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Desporto

Marco Chagas: “Andei a pedir dinheiro para ir à Volta a Portugal”

21.02.2020 09:00 por Carlos Torres 20
Foi cinco vezes campeão nacional e ganhou quatro Voltas a Portugal. Aos 63 anos, o antigo ciclista mantém-se ligado à modalidade, mas agora prefere as provas de BTT. Numa altura em que arrancou a nova época, com a Volta ao Algarve, fomos até Pontével, no Cartaxo, ouvir as suas histórias de vida, desde a infância aos 18 anos de carreira
  • 1439

"Venham para aqui, que estamos mais à vontade. Temos tempo, que guardei a tarde toda para vocês". Foi assim que Marco Chagas, de 63 anos, recebeu a SÁBADO no pátio em frente à sua casa, em Pontével, a vila do Cartaxo onde nasceu e sempre viveu.

No pequeno anexo onde está a bicicleta que usou nessa manhã, para cumprir os 50 km que faz quatro vezes por semana, o antigo ciclista guarda várias taças e recordações da sua carreira, com especial incidência para os da atualidade, em BTT. "Já fiz uns pódios na categoria de mais de 60 anos e tenho aí uns troféus, mas o mais importante são as aventuras", diz, explicando que já esteve em provas como o Titan Desert, de Marrocos, o Brasil Ride ou o Transportugal. Um gosto que já conseguiu passar à sua atual companheira, Maria Cravo. "Ela é excelente e tem conseguido óptimos resultados", afirma.

A entrevista durou mais de duas horas e foi feita no verão de 2019. Mas atualizamos alguns aspetos esta semana, numa breve conversa telefónica, aproveitando o pretexto do início da nova época de ciclismo em Portugal, com a Volta ao Algarve (19 a 23 de fevereiro).

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Marco Chagas (correcto)
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Marco Chagas, que foi cinco vezes campeão nacional e ganhou a Volta a Portugal quatro vezes, recordou a infância e os principais momentos da sua carreira de 18 anos. Devido à grande extensão da entrevista, dividimo-la em três partes.

Hoje, dia 21, pode ficar a conhecer a sua família (teve um tio ciclista que foi aos Jogos Olímpicos de 1960), perceber como aprendeu a andar de bicicleta com o pai (aos 5 anos), descobrir que começou a trabalhar com 12 anos (numa casa fotográfica no Cartaxo), como foi a sua entrada no Sporting (o Benfica também o queria), porque foi campeão sem clube (mas usava uma camisola verde) e saber pormenores sobre a sua primeira Volta a Portugal (andou a pedir dinheiro para participar).

No sábado, dia 22, pode conhecer as suas aventuras em França com Joaquim Agostinho, saber pormenores sobre a queda que o deixou a chorar na berma da estrada nos Alpes, como o doping lhe custou a vitória na Volta a Portugal de 1979, como foi a proposta irrecusável do FC Porto, a chegada ao Sporting a convite de João Rocha, ou as performances nas Voltas à Madeira, ao Brasil e à África do Sul.

Por fim, no domingo, dia 23, descubra qual a história mais caricata que Marco Chagas viveu no ciclismo (mete abelhas), as quedas (teve duas fraturas, mas sempre fora de competição), o fim da carreira (com 33 anos), as explicações para os problemas do doping, a passagem pela Sicasal como diretor desportivo, os comentários na RTP, a sua atual participação em provas de BTT, a sua última passagem pelo Sporting ou as previsões para a época de 2020.

Nasceu em Pontével, em 1956. Como foi a sua infância?
Nasci em casa dos meus pais, a 600 ou 700 metros da casa onde vivo hoje. Curiosamente, a minha filha também nasceu lá, quando eu tinha 22 anos, apesar de na altura já não ser muito comum. A minha ex-mulher trabalhava aqui na Casa do Povo de Pontével, e como havia uma ligação muito próxima com o médico que vinha cá fazer as consultas, e também com a parteira, uma senhora do Cartaxo com quem ela tinha uma grande amizade, ela disse logo, eu é que te vou ajudar com a tua filha, não precisas de ir para o hospital. Nasceu na mesma casa onde eu nasci. Essa casa, quando os meus pais faleceram ficou para a minha irmã.

Tinha irmãos?
Só tenho a minha irmã, nove anos mais velha do que eu. Ela foi um bocadinho mãe, porque naquele tempo os meus pais trabalhavam no campo, o meu pai só depois dos 30 anos é que foi para a Câmara do Cartaxo, primeiro como cantoneiro, a limpar as estradas, e depois passou a ser fiscal do mercado municipal do Cartaxo. A minha mãe sempre trabalhou no campo, e naqueles tempos difíceis a minha irmã, como era mais velha, tinha que tomar conta de mim.

E como foi a sua infância?
O filho mais novo é sempre mais protegido, e isso aconteceu comigo. Erámos de uma família muito humilde, mas os meus pais faziam tudo para que não nos faltasse nada e a minha infância foi muito feliz. A minha irmã foi muito nova à vida dela, porque casou com 16 anos.

Mas trabalhou no campo?
Não, fiz os seis anos de escola, a 4ª classe e depois o 5º e 6º anos. Os meus pais queriam que eu continuasse, iam fazer esse sacrifício apesar das dificuldades, mas tinha de ir para Santarém e não quis. Eu queria era começar a trabalhar para ajudar e também já tinha o bichinho de um dia ter uma bicicleta e ser corredor, por isso queria ganhar dinheiro para comprar uma bicicleta.

E então foi trabalhar?
Sim, com 12 anos fui trabalhar para uma casa fotográfica no Cartaxo, estive lá três anos. As pessoas iam lá tirar as fotos tipo passe e depois nós fazíamos as revelações. Todo esse processo me apaixonava bastante. Com 15 anos fui para uma empresa metalomecânica também na região do Cartaxo, e depois daí fui para uma casa agrícola trabalhar como ajudante de eletricista e fiquei aí até ir para o serviço militar.

Mas já participava em corridas?
Sim, aos 15 anos comecei a correr de bicicleta, mas oficialmente só podia aos 17, que era a idade mínima para ser federado. Mas antes disso estive dois anos a correr na Casa do Povo de Pontével, nos campeonatos da FNAT (hoje INATEL).

E tinha bons resultados?
No primeiro ano era difícil, porque eu era miúdo, mas depois no segundo ano consegui ser campeão regional e vice-campeão nacional. E a partir daí fui fazer provas ao Sporting.

Como é que começou o seu gosto pelo ciclismo?
Porque o meu tio, Ramiro Martins, irmão da minha mãe, foi um bom ciclista. Foi campeão nacional logo na categoria de Iniciados e com 17 anos foi aos Jogos Olímpicos de Roma, em 1960, eu na altura tinha 4 anos, e é aí que começa a minha ligação com as bicicletas.

Foi com o seu tio que começou a andar?
Não, porque ele, apesar de toda a qualidade, aos 21 anos deixou o ciclismo e emigrou para os EUA – entretanto voltou e vive cá agora. Mas acompanhou sempre a minha carreira, porque todos os anos na altura da Volta a Portugal ele estava cá.

Então aprendeu a andar com quem?
Com o meu pai. Ele tinha uma pasteleira, eu era pequenino e ia na pasteleira e via como é que ele fazia, isto com 5 anos. Andava na bicicleta por dentro do quadro, que era para chegar aos pedais. E depois, como os meus pais viam que eu tinha essa paixão, no Natal desse ano deram-me uma bicicleta pequena, própria para a minha idade. Quando chego de manhã para ir ver o que estava na chaminé, ao pé do sapatinho, estava lá uma bicicleta das pequenas, que os meus pais, imagino que com grande sacrifício, compraram a umas pessoas abastadas aqui da terra, que tinham dois filhos que entretanto cresceram. O meu pai mandou arranjar a bicicleta e estava linda. Ainda a tenho aí guardada.

A seguir teve outras.
Aos 9 anos o meu pai comprou-me outra maior, aos 12 comecei a trabalhar e aos 14 comprei a minha primeira bicicleta de corrida, que me custou 2 mil escudos. Na altura era muito dinheiro, porque eu ganhava 300 escudos por mês.

E aos 15 começou nas provas?
Sim, nos campeonatos regionais da FNAT. E também ia às corridas das festas, ia com o meu pai. E foi assim que fui aprendendo, com os grandes corredores da altura, porque eles também vinham fazer essas corridas, o Fernando Mendes, o Joaquim Andrade, o Venceslau Fernandes, que depois ainda apanhei na Volta e que foi um dos meus principais adversários.

Qual foi a sua primeira grande vitória?
Fui campeão nacional com 17 anos.

Já no Sporting?
Fui prestar provas ao Sporting com 17 anos. E também fui ao Benfica. Ainda estive ali a hesitar para onde iria, apesar de eu ser sportinguista desde miúdo. Os meus pais eram sportinguistas, mas o meu tio correu no Benfica. E também havia o sr. Francisco Valada, que venceu uma Volta a Portugal e era aqui do Cartaxo, ele era o treinador do Benfica. Por isso, vacilei um bocadinho, mas a minha paixão pelo Sporting foi mais forte. Qualquer um deles queria que eu fosse para lá. Mas o Sporting não tinha a categoria mais baixa, e o Benfica tinha, que era os Populares, a categoria onde se começava, embora não fosse por idade – aliás, eu com 17 anos corria com pessoas de 28 ou 30. Era preciso ganhar pontos para passar a júnior e depois a sénior.

Então, não corria pelo Sporting?
Fiz cinco corridas individualmente, fui 2º no campeonato regional e depois fui campeão nacional de Populares, o meu primeiro de cinco títulos de campeão, os outros já foram como sénior. Essa foi a minha primeira grande vitória.

Foi campeão sem equipa?
É verdade. O campeonato foi em Sangalhos, e o Sporting mandou lá o sr. Paulino Domingos, antigo corredor e que fazia parte do staff técnico do Sporting. Foi ele que me deu apoio, com a ajuda de um sr. aqui do Cartaxo, que era quem andava atrás de mim nas corridas, grande sportinguista, o sr. Vítor Matias, mas o sr. Paulino deu-me a parte técnica, explicou-me como é que eu fazia. O campeonato nacional hoje é só uma prova, mas na altura eram duas, sábado era a prova em linha e ao domingo era o contra-relógio, e eu na prova em linha ganhei, numa chegada em pelotão num grupo grande, e no domingo ganhei o contra-relógio, com 17 anos.

E quando passou para o Sporting?
No domingo a seguir já estava a correr no escalão de juniores. Como fiz cinco boas corridas, o pior lugar que consegui foi um 5º lugar, e depois com o título de campeão nacional, subi logo e no domingo seguinte já corri com a camisola do Sporting. Nos Populares corria com uma camisola verde que me tinha sido dada pela secção de ciclismo, mas sem emblema. Inscrevi-me como individual, apesar do apoio do Sporting. Aliás, eu treinava com a equipa principal, fazia lá toda a preparação, mas depois ia às corridas individualmente.

E foi para o Sporting por influência dos seus pais?
Sim, e do meu padrinho de baptismo, que também era um grande sportinguista, era lisboeta. Depois foi para África e só voltou por alturas do 25 de Abril, falecendo daí a pouco.

E ia a Alvalade ver os jogos de futebol?
Sim, íamos daqui de Pontével, a 60 km de Lisboa. Naquela altura não havia auto-estradas, não tínhamos carro, o meu pai tinha uma motorizada de três velocidades, e eu ia com ele, com 6, 7, 8 anos. Na altura sofria muito com o futebol, era fanático, íamos às quartas-feiras europeias, íamos aos grandes jogos com o Benfica e com o FC Porto. Ia sempre com o meu pai de motorizada.

E também ia ver outras modalidades?
Sim. Aliás, é importante não esquecer que o Sporting tinha um grande historial no ciclismo, mesmo antes do Joaquim Agostinho. Eu começo a crescer e a habituar-me no tempo do João Roque e do Leonel Miranda, e só depois é que chega o Joaquim Agostinho. Ia muitas vezes ver a chegada do Porto-Lisboa, as passagens da Volta a Portugal aqui, ou as etapas que terminavam no Cartaxo, que naquele tempo acontecia muitas vezes. Acompanhava mais o ciclismo e o futebol, mas também o atletismo e o hóquei em patins, que era uma modalidade na época muito apaixonante – não havia televisão mas ouvíamos os relatos na rádio.

E como é que chega ao Sporting?
Fui lá prestar provas com 16 anos. Havia um grupo que ia com o treinador, na altura o sr. Manuel Graça, marcavam um dia e apareciam lá 40 ou 50 tipos a prestar provas, uns mais novos outros mais velhos. Íamos para Monsanto e andávamos lá às voltas. Já no Benfica foi ir à Serra de Sintra e voltar.

Ganhou o campeonato de Populares e passou para os Juniores. E depois foi para a primeira equipa?
Não. Em 1974, com 17 anos, fui para os juniores, e depois deu-se o 25 de Abril, quando acontecem várias alterações, e em 1975 o Sporting decidiu acabar com o ciclismo. Em 1974 foi só sofrer, a mudança chocou-me bastante porque senti grandes dificuldades em adaptar-me. Uma coisa é correr corridas com distâncias pequenas, outra era fazer corridas dos juniores, já com 150 km de prova em linha, 40 km de contra relógio, isso era uma brutalidade, e a minha quebra física foi bem evidente porque passei a vida a sofrer atrás deles. Mas foi importante, porque no ano seguinte, depois de ter feito os 18 anos em Novembro, fui novamente campeão nacional.

Já nos seniores?
Sim. E é aí que me levam a correr em Espanha, pela selecção portuguesa, e também fui à Volta à Bulgária. Foi uma coisa magnífica, mas foi um sofrimento enorme, porque tínhamos de bater-nos com os tipos da RDA, da URSS, que andavam todos para caramba. Foram experiências muito boas. Depois, em 1975 não há Volta a Portugal, há o Grande Prémio Clok. Curiosamente, de uma empresa que depois me vai patrocinar dois anos noutra equipa. Era uma cerveja que estava a surgir no mercado e criou um prémio de uma semana que substituiu a Volta a Portugal.

A primeira vez em que participa na Volta a Portugal é em 1976?
Sim, não pelo Sporting, que acabou com a secção, mas quase todos, tirando o Armindo Lúcio, fomos convidados para ir formar uma equipa nova, que era a Costa do Sol. O sr. Lucas, que tinha uma oficina de carros na Abóboda [Cascais] e gostava muito de ciclismo, criou uma equipa – mas esqueceu-se dos custos que aquilo tinha. Nós ganhávamos pouco, ganhávamos 2 mil escudos no Sporting. E ele disse que dava 4 mil, mas depois só pagou dois meses. Mas nunca considerei que eles me ficaram a dever nada, porque foram pessoas que hipoteceram muito da vida deles. Ele, a mulher e os filhos foram incansáveis para nos darem condições para continuarmos a correr, que era o que nós queríamos.

E conseguiram ir à Volta?
Sim, embora numas condições complicadas, contando com o apoio de amigos. Andávamos a treinar na Abóboda e íamos à zona de Pêro Pinheiro, onde havia muitas empresas de mármores, com muita gente que gostava de ciclismo, muitos deles sportinguistas, nós andávamos a treinar e íamos pedir às pessoas se nos davam dinheiro para podermos ter condições para ir à Volta a Portugal. Cheguei à Volta e ganhei três etapas e fiquei em 6º lugar logo no meu primeiro ano, com 19 anos. Mas os meus colegas também estiveram bem, o Alexandre Ruas ganhou duas etapas, o Gouveia também ganhou uma. Tínhamos uma equipa fantástica e só não fizemos melhor porque não tínhamos ninguém, em termos técnicos, que nos acompanhasse, não tínhamos um treinador que nos orientasse na corrida. Em determinados momentos, quando havia opções que era necessário tomar, ficávamos ali na expectativa a ver o que dava, erámos miúdos, e só por isso é que não fizemos melhor.

A nível de planeamento, como é que as coisas estavam organizadas?
Nós chegávamos e um tio meu, irmão do que tinha sido ciclista, esse tio tinha um táxi aqui em Pontével e entregou o táxi a um amigo e foi acompanhar-nos no carro de outro, o sr. Matias, do Cartaxo. Foi com o carro dele fazer o apoio, junto com o sr. Edmundo, da Parede. Eles iam fazer o apoio. Também ia o avô do Américo Silva, que também se chamava Américo. Eles é que nos valeram, iam à frente para encontrar um sítio para dormirmos, não tínhamos nada marcado, nem sítios para dormir nem para comer.

E arranjavam sempre lugar?
Sim, mas às vezes eram lugares surreais. Lembro-me que a Volta começou em Vilamoura e ficámos a dormir em Loulé, num espaço que ia ser uma futura loja. Instalaram lá umas camas, mas aquilo tinha um vidro enorme, por isso entrava por ali o sol e havia um calor insuportável. Mas dormimos lá uma noite ou duas, oito ou nove ciclistas. Em cada sítio era uma aventura, porque tínhamos de encontrar, em pleno agosto, alojamento para várias pessoas naquela terra ou ali perto, para os ciclistas, o massagista e o mecânico.

Entretanto, esteve na tropa.
Estive 21 meses na Força Aérea, entrei para lá em Outubro de 1977 e saí em Maio de 1979. Mas tive uma coisa boa: estava na base da Ota, perto de casa.

E continuou a participar em provas?
Sim, eles permitiam que eu treinasse com alguma regularidade. Quando entrei para a tropa estava na equipa do Águias-Clok e fiquei lá também em 1978. Depois, em 1979 passei para a Lousa-Trinaranjus.

E na Força Aérea, como era?
Era soldado. Fiz a recruta e fiquei lá e tive a enorme sorte de ter pessoas muito boas. O facto de eu já ser corredor e de já ter criado algum nome quando entrei na Força Aérea isso acabou por me ajudar. O meu chefe de secção, o capitão Raposo, era o meu chefe, eu estava na secção desportiva, o meu trabalho era dar equipamentos ao pessoal que ia jogar basket ou correr e eu próprio podia andar durante o dia em fato de treino, só tinha de me fardar para ir almoçar ou jantar.

Leia a segunda parte da entrevista aqui.


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