Piszczeck leva a bola e abre para Jedrzejczyk, que dá para Baumgartlinger... Atenção, agora é Lovrencsics, sobra para Dzsudzsák, cruzamento e... golo, golo de Lewandowski! Como é relatar um jogo com nomes difíceis? Os repórteres da rádio explicam
Neste Europeu de futebol, Portugal já defrontou as selecções de Islândia, Áustria, Hungria, Croácia e Polónia, onde há jogadores com nomes muito estranhos para os nossos padrões (tanto como João Moutinho ou Ricardo Carvalho são para as pessoas desses países). Se é fácil enganarmo-nos a escrever os nomes de Lovrencsics, Hinteregger, Dzsudzsák ou Jedrzejczyk, dizê-los em voz alta deve ser ainda mais complicado.E quem sofre mais com isso são os jornalistas das rádios, que têm de relatar os jogos a grande velocidade e sem se enganarem. A SÁBADO falou com quatro deles, dois da TSF e dois da Rádio Renascença, que elegeram os mais complicados, deram conta das suas dificuldades e revelaram os truques para conseguir pronunciar os nomes correctamente."Para mim, os mais complicados de dizer são nomes como Jedrzejczyk e Blaszczykowski, que têm uma fonética confonética, isto é, muitas consoantes juntas e poucas vogais", adianta à SÁBADO Pedro Azevedo.O jornalista da Rádio Renascença conta como se prepara antes dos relatos. "Normalmente vou ao site Forvo.com, que no fundo é um dicionário de pronunciação onde se diz o nome na língua original. Por exemplo, dizem o nome Jedrzejczyk em polaco e eu oiço e treino para dizer igual. Outro segredo é dividir a palavra em sílabas. Por exemplo, Blaszczykowski fica Blás-zi-có-vski". Ou, outro truque, como ele é Kuba Blaszczykowski, muitas vezes dizia só o Kuba. É como dizeres João Moutinho ou só João".O nome Blaszczykowski, continua o jornalista da Renascença, tem uma grande vantagem, aliás, tal como Lewandowski. "São nomes de difícil pronunciação, mas que são muito conhecidos, são ditos de forma massificada [Lewandowski joga no Bayer Munique e Blaszczykowski na Fiorentina], e como os dizemos muitas vezes, acaba por se tornar mais fácil pronuciá-los correctamente". Na véspera do Portugal-Polónia, João Ricardo Pateiro (TSF), conhecido por adaptar canções para narrar os golos, revelou à SÁBADO que nos primeiros quatro jogos o mais complicado de pronunciar foi o do austríaco Baumgartlinger. "Claramente. Até disse que se um dia tiver um gato vou chamar-lhe Baumgartlinger. Para mim é nome de gato… Garfield, Gartlinger", brinca.Além desses, as maiores dificuldades foram para pronunciar os nomes dos húngaros Lovrencsics e Dzsudzsák. "A questão é que os jornalistas portugueses até são dos que mais se preocupam em dizer bem os nomes. Basta ver como é que os estrangeiros dizem o nome João. É Juan, é Jouan, enfim, é como calha".Sílvio Vieira, da Rádio Renascença, elege como o mais difícil Lovrencsics (Hungria). "Devo ter-lhe mudado o nome três ou quatro vezes", conta, revelando que normalmente pede ajuda aos jogadores (nas conferências de imprensa) ou aos jornalistas desse país para aprender a pronunciar correctamente.A questão, admite, é que às vezes isso só complica. Ele dá três exemplos. "O Nagy (Hungria), que se fala que pode ir para o Benfica, explicou-me como se pronunciava, mas foi impossível, porque eles dizem o 'g' meio arrastado, não é 'gui' nem 'rri'."Aconteceu-lhe o mesmo com Hinteregger (Áustria) e Jedrzejczyk (Polónia). "O nome Jedrzejczyk tem uma pronúncia incrível: Jederedcjncciczki. Quando é assim, não dizemos o nome como se diz na língua deles, porque as pessoas que nos ouvem pensam que somos maluquinhos, mas adaptamos para a nossa língua". A ideia, no entanto, é dizer sempre o mais parecido possível com o original.Sílvio Vieira não gosta muito de recorrer ao site Forvo.com porque às vezes as letras que estão lá são diferentes dos caracteres desses países (casos da Turquia, da Polónia ou da Rússia) e depois os nomes saem deturpados. "Prefiro sempre perguntar aos jogadores ou a jornalistas". E qual acha que é nome mais difícil de dizer de todos os jogadores presentes no Europeu? "Talvez o do guarda-redes da Roménia, Tatarusanu, que se for dito depressa parece aquelas lengalengas do rato roeu a rolha da garrafa..." Nestas listas, só aparecem nome de jogadores da Hungria, Áustria e Polónia, mas Portugal também enfrentou Islândia e Croácia. Para Paulo Cintrão, da TSF, esses são pacíficos. "Os islandeses terminam quase todos em 'son' e os croatas em 'ic'". Até ao jogo com a Polónia, Baumgartlinger tinha sido o pior. "Tive de treinar um bocado até conseguir atinar com o nome", diz. Sobre os polacos, revelou, na altura, que ainda não os tinha estudado com atenção, mas Jedrzejczyk parecia ser o mais difícil. E qual foi o mais complicado de sempre? "Eh pá, foi um tipo que jogava na U. Leiria, com um nome que é Panandetegui, Panandetigui... espera aí que vou ver". Uma pesquisa na Internet e aí está Saïdou Madi Panandétiguiri, avançado do Burkina Faso de 32 anos. "Este nome deu-me cabo da cabeça. E muitas vezes, para facilitar, chamava-lhe apenas Saïdou".
Jedrzejczyk ou Baumgartlinger. Os nomes mais impronunciáveis
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