Vinicius Jr alvo de insultos racistas: "É o normal na La Liga"
A denúncia de Vinicius recebeu milhares de comentários de apoio e até o presidente brasileiro se quis pronunciar: "Não podemos permitir que o fascismo e o racismo criem raízes nos estádios de futebol".
Só esta época a La Liga (principal liga espanhola de futebol) já acumulou dezenas de denúncias por ataques racistas contra Vinicius Jr. No domingo, o jogo entre o Real Madrid e o Valência ditou a vitória do Valência mas ficou realmente marcado foi pelos insultos ao jogador brasileiro.
Após uma falta de Cömert e enquanto o madrileno se preparava para marcar o livre começou a ouvir insultos vindos das bancadas e denunciou a situação ao árbitro, o jogo acabou por ser interrompido cerca de dez minutos e o sistema de som do estádio do Valência emitiu um aviso para uma "possível interrupção do jogo". Carlos Ancelotti chegou a perguntar a Vinicius Jr se estava apto para permanecer em campo.
Aos 90+7 o brasileiro acabou ser expulso e saiu do campo fora de si, trocando ainda palavras com os adeptos da casa antes de entrar no túnel.
Já depois do apito final, a estrela de 22 anos recorreu ao Instagram para falar sobre o ocorrido no Mestalla. Começou por publicar um instastorie onde afirmava: "O prémio que os racistas ganharam foi a minha expulsão! Não é futebol, é La Liga".
Mais tarde fez uma publicação onde partilhou que recebe este tipo de insultos recorrentemente: "Não foi a primeira vez, nem a segunda e nem a terceira. O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito. O campeonato que já foi de Ronaldinho, Ronaldo, Cristiano e Messi, hoje é dos racistas. Uma nação linda, que me acolheu e que amo, mas que aceitou exportar a imagem para o mundo de um país racista. Lamento pelos espanhóis que não concordam, mas hoje, no Brasil, a Espanha é conhecida como um país de racistas. E, infelizmente, por tudo o que acontece a cada semana, não tenho como defender. Eu concordo. Mas eu sou forte e vou até o fim contra os racistas. Mesmo que longe daqui".
A denúncia de Vinicius recebeu milhares de comentários de apoio e até o presidente brasileiro se quis pronunciar: "Não podemos permitir que o fascismo e o racismo criem raízes nos estádios de futebol".
Já no Twitter Lula da Silva anunciou a sua esperança em "que a FIFA e outras entidades tomem providências, para não deixar que o racismo tome conta do futebol".
Na conferência de impressa, depois do jogo, Carlo Ancelotti, treinador do Real Madrid, defendeu que existem coisas mais importantes do que o futebol e que o país tem de falar sobre elas: "Não quero falar de futebol, mas de outra coisa, o que aconteceu aqui. Acho que isso é mais importante".
"Temos um problema. Para mim ele é o jogador mais forte do mundo mas a La Liga tem um problema. Com esse episódio de racismo, eles têm de parar o jogo. Não é uma pessoa, está aqui um estádio que insulta um jogador por racismo e o jogo tem que parar. Diria o mesmo se tivéssemos a ganhar por 3-0", continuou o treinador italiano.
Através do Twitter, Javier Tebas, presidente da La Liga, defendeu que o jogador "antes de criticar e insultar" a competição deve estar "corretamente informado" afirmando ainda que Vinicius não se "deve deixar ser manipulado e ter a certeza das competências dos outros e do trabalho que tem sido feito".
O brasileiro não quis deixar Javier Tebas sem resposta e acusou-o: "Mais uma vez, em vez de criticar os racistas, o presidente da La Liga apareceu nas redes sociais para me atacar. Por mais que você finja que não leu, a imagem do seu campeonato treme. Veja as respostas às suas publicações e tenha uma surpresa".
Já depois das trocas de palavras a La Liga solicitou as imagens captadas pelas câmaras do estádio do Valência para proceder a uma investigação. "Uma vez concluída a investigação, no caso de ser detetado um crime de ódio, a La Liga procederá às ações legais apropriadas", anunciou.
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