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"Relógio do Apocalipse" coloca mundo a 90 segundos da meia-noite

Ana Bela Ferreira 25 de janeiro de 2023 às 10:26

Marco serve para alertar para as ameaças que a humanidade enfrenta. Guerra na Ucrânia tornou mais próxima a ameaça de guerra nuclear. Cientistas colocaram o mundo mais próximo do fim do que nunca.

O "Relógio do Apocalipse" está mais perto do que nunca da meia-noite. O anúncio foi feito, na terça-feira, pelos cientistas atómicos que controlam o relógio e o colocaram a 90 segundos da meia-noite. A ameaça da guerra nuclear, as doenças e a volatilidade climática foram exacerbadas pela invasão russa da Ucrânia, que teve início a 24 de fevereiro do ano passado, e colocaram a humanidade em maior risco de extinção. 

REUTERS/Leah Millis

O "Relógio do Apocalipse" foi criado pelo Boletim dos Cientistas Atómicos, uma organização sem fins lucrativos, para mostrar o quão perto a humanidade está do fim do mundo. O seu estado é anunciado todos os anos em janeiro e está agora 10 segundos mais próximo do fim do que esteve nos últimos três anos. A meia-noite é o marco simbólico da extinção da humanidade.

O agravar da situação reflete o aumento da ameaça da guerra nuclear que passou a existir depois da guerra na Ucrânia. "As ameaças ligeiramente veladas da Rússia sobre a possibilidade de usar armas nucleares lembra o mundo que o escalar do conflito por acidente, intenção ou cálculos errados é um risco terrível. As possibilidades de que o conflito pode fugir do controlo de todos permanecem elevadas", frisou Rachel Bronson, a presidente do Boletim, em conferência de imprensa.

O impacto da guerra na Ucrânia para a contabilização do "Relógio do Apocalipse" foi tal que o anúncio foi feito em russo e ucraniano para chamar a atenção dos dois países para os riscos.

O Boletim dos Cientistas Atómicos tem na sua organização peritos em tecnologia nuclear e ciência climática, contando com 13 prémios Nobel. As ameaças incluídas na contagem do tempo para o fim do mundo vão desde guerras, armas, políticas, pandemias a alterações climáticas. 

Porém, no ano passado a guerra acabou a ter reflexos também nas alterações climáticas. Sivan Kartha, cientista do Instituto Ambiental de Estocolmo e membro do Boletim, lembrou que o aumento dos preços do gás natural e a diminuição de exportações da Rússia levou as empresas a procurar outras soluções, reativando centrais a carvão como alternativa. "As emissões globais de dióxido de carbono pela queima de combustíveis fósseis, depois de terem recuado com a covid-19, aumentaram para máximos em 2021 e continuaram a subir em 2022, batendo um novo recorde. Com as emissões ainda a subir, extremos climáticos continuam a acontecer e estão cada vez mais inegavelmente ligados às alterações climáticas".

O relógio foi criado em 1947 por um grupo de cientistas atómicos, onde se incluía Albert Einstein. Na época começou nos sete minutos para a meia-noite. Em 1991, com o fim da guerra fria, foi quando a humanidade esteve mais longe do extremínio: 17 minutos.

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