Marcas na perna de um fóssil podem ser o caso de canibalismo mais antigo
A descoberta foi feita pela investigadora norte-americana Briana Pobiner, que considera que as marcas presentes no osso não podem ter sido feitas pelos dentes de um animal.
Durante uma investigação sobre danos de carnívoros em fósseis de hominídeos na região de Turkana, no Quénia, a antropóloga e investigadora do Smithsonian Institution, Briana Pobiner, descobriu, em 2017, uma tíbia fóssil humana de há um milhão e meio de anos, com vestígios de cortes que podem representar um caso de canibalismo.
O osso foi encontrado na década de 1970 e armazenado no Museu Nacional do Quénia. A antropóloga norte-americana e os colegas que investigaram o fóssil, acreditam que este pode ser o caso mais antigo de canibalismo conhecido. "Tanto os humanos modernos como os nossos antepassados ancestrais praticaram o canibalismo e esta descoberta mostra-nos quão antiga é esta prática", explica Pobiner, citada pelo El País.
Apesar de sabermos que o osso pertence aos nossos antepassados ancestrais, não é possível determinar com certeza a espécie de hominídeo a que pertence. Quando foi encontrado foi inicialmente atribuído à espécie Australopithecus boisei, mas os investigadores também consideraram a possibilidade de se tratar de um osso de Homo erectus.
As marcas no fóssil foram enviadas para o investigador Michael Pante, da Universidade Estatal do Colorado, que as comparou com cerca de 900 fendas feitas em ossos. De acordo com o estudo publicado na revista Scientific Reports, os investigadores concluíram que as marcas foram feitas por um hominídeo com uma espécie de pedra afiada, que permitia cortar a carne para a consumir.
Para ter a certeza de que as marcas representam um caso canibalismo seria necessário investigar mais ossos do corpo, além da tíbia encontrada. No entanto, a investigadora Palmira Saladié, do Instituto Catalán de Paleoecologia Humana, considera que é a opção mais provável. "Sempre nos pareceu estranho não haver indícios de canibalismo entre os hominídeos da África, quando há tantas provas posteriores, desde o Homo antecessor de Atapuerca até o Homo sapiens passando pelos neandertais", diz ao jornal El País.
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