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Crianças portuguesas temem alterações climáticas e querem conhecer as suas causas

Daniel Lemos com Leonor Riso 05 de junho de 2024 às 07:00

Estudo alerta para a necessidade de abordagens educativas com "forte dimensão de esperança", segundo os seus autores, face à informação que chega aos mais novos.

As crianças reconhecem as consequências das alterações climáticas e querem saber mais as suas causas. Esta é a conclusão de um estudo realizado pelo MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente com 417 estudantes dos 10 aos 13 anos, em que os inquiridos foram questionados sobre o que sabiam sobre as alterações climáticas, e o que gostariam de saber.

REUTERS/Christian Mang

Segundo a investigação, as alterações climáticas podem "ser vistas como uma ameaça psicológica no sentido de causarem ansiedade e poderem levar a um declínio no bem-estar mental entre os mais jovens". A informação que as crianças mostraram saber é obtida não só através da escola, mas também dos media e de conversas com amigos e parentes: "Nestas circunstâncias, há a necessidade de apoiar o conhecimento das crianças, enquanto ao mesmo tempo se evita contribuir para o exacerbamento das suas incertezas e ansiedades", ressalva o estudo.

As crianças estão a par de temas como a poluição, as alterações no gelo marinho e os efeitos das alterações climáticas nos seres vivos. Face à complexidade do tema e tendo em conta o conhecimento que já têm, às crianças é "necessário apoiá-las, disponibilizar informação adaptada às suas capacidades cognitivas e fornecer conhecimento, tendo sempre a preocupação de não exacerbar as suas dúvidas e ansiedades", refere em nota de imprensa Zara Teixeira, autora principal do estudo.

Os autores desejam que este tipo de estudo sirva como uma chamada de atenção para a forma como as escolas abordam a questão do ambiente, evitando que uma forma incorreta prejudique o bem-estar mental das crianças. Então, a educação climática "deve incluir uma forte dimensão de esperança e recorrer à implementação de estratégias que permitam aos alunos mudar de perspetiva", diz Zara Teixeira. Para o efeito, uma das soluções que poderá mitigar esta incapacidade dos mais pequenos em fazer este tipo de questões pode passar pela introdução de outras abordagens durante o ensino, mais criativas e inovadoras.

As crianças revelaram ainda estar a par da origem humana das alterações climáticas e desejam saber mais sobre como começaram e funcionam, revela o estudo. Tiveram dificuldades em identificar estratégias para combater as alterações climáticas.

O inquérito foi dirigido aos alunos durante a iniciativa do centro de investigação científica "O MARE vai à escola", que abordou temas como a sobrepesca, lixo marinho, biotecnologia, biodiversidade marinha e alterações climáticas. Mais de 40 mil alunos de 358 escolas estiveram envolvidos em atividades internas e externas dinamizadas pelo MARE entre 2015 e 2019.

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