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Covid-19. Primeiras vacinas serão ineficazes em menos de um ano

Diogo Camilo 30 de março de 2021 às 16:16

Especialistas de 28 países acreditam que é necessário combater as baixas taxas de vacinação nos países mais pobres, que tornam mais provável o aparecimento de mutações resistentes a vacinas. Em inquérito, dois terços indicaram que as vacinas atuais serão eficazes dentro de um ano. O outro terço acredita que acontecerá mais cedo, dentro de nove meses.

A primeira vacina contra a covid-19 foi administrada há quase quatro meses e, desde então, foram administradas mais de 500 milhões de doses em todo o mundo. Portugal e a União Europeia, por exemplo, preveem que 70% da população adulta esteja vacinada até ao final do verão, garantindo imunidade de grupo. Mas um inquérito realizado a epidemiologistas e virologistas, divulgado peloThe Guardian, revela que a maioria acredita que as primeiras vacinas se tornem ineficazes contra o vírus dentro de um ano.

Vacina AstraZeneca Reuters

A iniciativa realizada pela People’s Vaccine Alliance, uma coligação que inclui organizações como a Amnistia Internacional, a Oxfam e a UNAIDS, juntou 77 epidemiologistas, virologistas e infeciologistas de 28 países. Dois terços acreditam que serão necessárias novas fórmulas da vacina para enfrentar a covid-19 e as suas mutações e variantes, e que as agora criadas se tornarão eficazes dentro de um ano. Um terço disse que tal acontecerá em menos tempo, nove meses.

Para isto contribuem as baixas taxas de vacinação em muitos dos países, que tornam mais provável o aparecimento de mutações resistentes a vacinas, acreditam 88% dos especialistas que trabalham para alguns dos maiores centros de pesquisa como as universidades John Hopkins, Yale, Imperial College ou a London School of Hygiene & Tropical Medicine.

"Surgem novas mutações todos os dias. Por vezes elas encontram um nicho que as torna mais propícias ao meio que as suas antecessoras. Estas variantes sortudas podem transmitir mais facilmente o vírus ou potencialmente evitar respostas imunitárias que o nosso corpo cria contra outras variantes", afirma no comunicado Gregg Gonsalves, professor em Yale.

"A não ser que todo o mundo seja vacinado, estamos a deixar o campo aberto para mais e mais mutações, que podem gerar variantes capazes de escapar a vacinas e que vão requerer novas pesquisas para lidar com elas."

As vacinas administradas em Portugal e na União Europeia - da Pfizer/BioNTech e Moderna- mostraram todas, ser parcialmente ou totalmente eficazes contra as variantes preocupantes, originárias do Reino Unido, África do Sul e Brasil.

Mas estas vacinas podem não chegar a tempo a países em desenvolvimento, uma vez que são muito mais caras e têm condições de armazenamento mais específicas. Enquanto países mais ricos, como o Reino Unido e os EUA, asseguraram centenas de milhões de doses, enquanto países mais pobres ainda não administraram qualquer dose.

O programa da Organização Mundial de Saúde para países mais pobres, o Covax, tem o objetivo de fornecer vacinas a pelo menos 27% da população de países em desenvolvimento em 2021, mas esta barreira fica muito longe de assegurar uma imunidade de grupo no mundo já este ano.

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