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Cientistas usam técnica nova para detetar um dos maiores buracos negros já observados

Lusa 30 de março de 2023 às 07:30

Investigadores acreditam que terá uma massa equivalente a mais de 30 mil milhões de vezes a do Sol.

Um grupo de astrónomos detetou e mediu um dos maiores buracos negros já observados, utilizando uma técnica nova que deverá revelar mais sobre os milhares destes gigantes cósmicos que devem ser descobertos nos próximos anos.

GettyImages

Este buraco negro supermassivo tem uma massa equivalente a mais de 30 mil milhões de vezes a do Sol, segundo o estudo publicado esta semana numa revista científica da British Royal Astronomical Society. É o primeiro cujas características são determinadas graças à técnica de deteção por lentes gravitacionais.

Esse fenómeno é causado pela presença de um objeto tão massivo - uma galáxia ou um buraco negro supermassivo - que dobra o espaço-tempo. A luz vinda de uma fonte distante, portanto, aparece distorcida quando passa por perto.

Mas enquanto podemos observar uma galáxia, literalmente não podemos ver um buraco negro. Este objeto cósmico tem a particularidade de ser tão denso que nem mesmo a luz consegue escapar, o que o torna invisível.

Desta vez, os astrónomos tiveram "muita sorte", explicou à agência France-Presse (AFP) James Nightingale, astrónomo da Universidade de Durham, no Reino Unido, e primeiro autor do estudo.

Estes conseguiram observar a luz de uma galáxia localizada muito atrás do buraco negro, e cujo caminho parecia ser desviado pelo buraco negro, a cerca de dois biliões de anos-luz da Terra.

Diz-se que a maioria das galáxias tem um buraco negro no seu centro, mas, até agora, para detetar a sua presença era necessário observar as emissões de energia que estes produzem ao absorver matéria que se aventurou muito perto, ou observando a sua influência na trajetória das estrelas que estão em órbita ao seu redor. Estas técnicas, no entanto, funcionam apenas para buracos negros próximos o suficiente da Terra.

A técnica de lente gravitacional permite aos astrónomos "descobrir buracos negros em 99% das galáxias atualmente inacessíveis" à observação tradicional, porque estão muito distantes, sublinhou o astrónomo. Existem cerca de 500 lentes gravitacionais, mas "este cenário está prestes a mudar dramaticamente", de acordo com James Nightingale.

A missão Euclid da Agência Espacial Europeia, com lançamento previsto para julho, dará início a "uma era de 'big data' [megadados]" para os caçadores de buracos negros, criando um mapa de alta resolução de parte do Universo, acrescentou o cientista.

Segundo Nightingale, em seis anos de observação, Euclides poderá detetar até 100.000 lentes gravitacionais, incluindo potencialmente vários milhares de buracos negros.

A descoberta feita pelo astrónomo e colegas foi baseada em simulações de computador e imagens obtidas pelo Telescópio Espacial Hubble.

Estas observações confirmam e explicam as simulações realizadas há 18 anos por um astrónomo da Universidade de Durham e pelo colega de James Nightingale, Alastair Edge, que suspeitava da presença de um buraco negro no centro da galáxia Abell 1201.

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