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Cada vez vemos menos estrelas no céu. Porquê?

Márcia Sobral 21 de janeiro de 2023 às 15:00

Num local onde há dezoito anos conseguíamos ver 250 estrelas a olho humano, agora apenas restam menos de uma centena.

"Skyglow" é o termo usado para descrever a luz que é difundida nos céus através da iluminação artificial e é apontado como o principal responsável pela "diminuição drástica" do número de estrelas visíveis a olho humano na última década.

Gian Ehrenzeller/EPA/Lusa

Um estudo feito por um grupo de cientistas do Centro Alemão para a Geociência – e publicado na revistaScience - aponta que a "visão das estrelas está a desaparecer" e tem diminuído significativamente deste 2011Para chegar a esta conclusão, os especialistas criaram o projetoGlobe at Night, que juntou vários voluntários e cientistas que, durante doze anos, saíram à noite para contar as estrelas visíveis da sua região.

Segundo nota aBBC, os resultados mostraram que, a cada ano, cerca de 10% de estrelas se estavam "a perder". A nível prático, explicam que num local onde sejam visíveis 250 estrelas, dentro de dezoito anos o mais provável é que o número fique reduzido a menos de uma centena.

"Quando mostramos as imagens e vídeos à noite da Estação Espacial Internacional, as pessoas normalmente ficam impressionadas com a beleza das luzes das cidades, como se fossem luzes de Natal. O que não percebem é que essas imagens representam poluição", explicaram os especialistas àBBC.

Apesar dos números, inicialmente os cientistas tiveram esperança que o problema fosse diminuindo com a aquisição de luzes menos poluidoras nas grandes cidades (como as luzes LED). O problema é que falamos de um sistema extremamente barato que fez disparar o seu uso, seja através da iluminação pública, decorativa, publicitária ou privada.

"Embora a revolução da iluminação LED prometesse reduzir o consumo de energia e melhorar a visão humana à noite, no geral [a poluição luminosa] aumentou. Paradoxalmente, quanto mais barata e melhor, maior é o vício da sociedade em luz", garantia a Agência Espacial Europeia na sequência de um estudo feito o ano passado.

Mas as consequências desta tendência estão longe de se relacionar apenas com a nossa visão. Os cientistas dão conta de que a poluição luminosa tem um impacto direto na saúde humana, podendo afetar os padrões de sono e alterar o comportamento de alguns animais.

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