Sábado – Pense por si

Leonor Xavier: “Há coisas bem piores do que ter cancro”

19 de novembro de 2014 às 12:20

Soube durante um almoço de amigas que transportava o 'Passageiro Clandestino', nome que deu ao livro em que conta como é viver com a morte à espreita. E enfrentá-la

Primeiro a frase de um grande amigo, António Alçada Baptista, que condensa bem o que ela sente e por isso a cita no livro: "A todos os níveis ando a fazer a minha peregrinação interior porque deve haver alguma razão para que certas coisas aconteçam sem que eu saiba como nem porquê." Agora uma espécie de apresentação: Leonor Xavier era uma menina queque de Lisboa que ao casar pôs de parte o curso de Filologia Românica para passar (nas suas palavras) a vestir o tradicional "vestido preto e o colar de pérolas" e assumir como destino a educação dos três filhos que nasceriam do matrimónio. Quis o 25 de Abril que esta "burguesinha" com espírito inquieto fosse metida num avião para São Paulo, onde se descobriu assustadoramente livre. Foi no Brasil que se fez uma mulher muito diferente de todas as outras, mesmo que hoje as "outras" já não sejam as meninas de boas famílias que povoavam o seu universo antes de embarcar naquele avião, em 1976. Aos 71 anos, a jornalista e escritora fala com uma sinceridade desarmante e tem um sorriso de miúda que vai bem com os olhos azuis num rosto onde nenhuma idade bate certo. Corajosa, vai lançar um livro em que conta, com o habitual desassombro, a batalha que tem travado nos últimos meses: um cancro. Não é bem uma batalha, diz, é mais uma etapa no ciclo natural da vida. Ao livro, tal como ao tumor, chama-lhe 'Passageiro Clandestino', por se ter instalado no seu corpo sem aviso nem respeito. Espera que as suas palavras sirvam para relembrar a todos, doentes e sãos, a grande lição: "É urgente aproveitar o lado bom das coisas." 

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