Dez anos no Centro de Coordenação Operacional da Brisa (CCO), em São Domingos de Rana, não são suficientes para Ana Nobre se habituar às tragédias a que assiste com regularidade nas auto-estradas portuguesas através do videowall gigante. "Várias me marcaram, mas algumas são mais difíceis de arrumar na cabeça. Muitas vezes tiram-me o sono e o apetite". A operadora de central de comunicações, de 37 anos, recorda o caso que mais a chocou, tinha apenas um mês de CCO: "Uma mulher grávida de oito meses ficou encarcerada num acidente gravíssimo. A assistência chegou o mais rápido possível, mas, soube depois, ela acabou por morrer no hospital. E o bebé também. Isso mexeu muito comigo, porque tudo o que fiz não foi suficiente para os salvar. Aqui não reagimos às imagens como se estivéssemos a ver um filme". Aponta para o videowall em frente, com 44 ecrãs que ocupam a parede inteira: "Estas imagens estão a acontecer neste preciso momento. A nossa reacção a elas é também muito real".

Eles estão a vê-lo na auto-estrada e podem salvar-lhe a vida

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