Quem é Ahed Tamimi, a ativista pró-Palestina detida por Israel?
A ativista foi detida uma semana depois de fazer uma publicação no seu Instagram onde avisava os israelitas: "Irão ver que o que Hitler vos fez foi uma piada".
O exército israelita anunciou esta segunda-feira a detenção da ativista Ahed Tamimi durante uma operação na Cisjordânia ocupada.
Segundo Telavive, a ativista de 22 anos é "suspeita de incitamento à violência e de atividades terroristas" e foi "transferida para a custódia das forças de segurança israelitas para ser interrogada" depois de ter sido detida na cidade de Nabi Saleh, na Cisjordânia ocupada.
A detenção ocorre depois de na semana passada Ahed Tamimi ter utilizado a sua página de Instagram para afirmar: "Estamos à vossa espera em todas as cidades da Cisjordânia, de Hebron a Jenin, vamos matar-vos a todos e dirão que o que Hitler vos fez foi uma piada. Beberemos o vosso sangue e comeremos o vosso crânio. Venham, estamos à vossa espera".
A palestiniana tornou-se famosa aos 14 anos, após ser filmada a morder o soldado israelita que tentava deter o seu irmão já imobilizado no chão e com o braço engessado. Desde então tornou-se um ícone mundial da causa palestiniana e é considerada um exemplo de coragem face à repressão israelita.
Em dezembro de 2016 tentou viajar para os Estados Unidos para fazer uma tournée da sua palestra No Child Behing Bars/ Living Resistance (Nenhum criança atrás das grades/ A resistência vivia) mas viu o seu visto rejeitado.
Em 2017 deu uma chapada a um soldado israelita que se encontrava no quintal da sua casa o que originou uma condenação de oito meses de prisão por obstrução e agressão a um soldado. O incidente teve lugar após uma manifestação contra a expansão dos colonatos israelitas, perto da sua aldeia, se ter tornado violenta com os manifestantes a atirar pedras aos soldados israelitas.
Segundo a família de Ahed Tamimi, o seu primo Mohammed Tamimi, de apenas 15 anos, foi baleado na cabeça à queima-roupa durante estes confrontos com uma bala de aço revestida de borracha e ficou gravemente ferido. A ativista terá saído de casa com a sua mãe e a sua prima para questionar os soldados sobre a agressão e foi nesse momento que foram filmadas a dar chapadas e empurrões aos soldados israelitas.
Em 2018 foi libertada e foi então que se tornou um símbolo mundial da causa palestiniana. Ahed Tamimi conseguiu acabar o secundário enquanto se encontrava na prisão e começou a estudar direito para conseguir "responsabilizar a ocupação".
Filha do ativista Bassem Tamimi e de Nariman al-Tamimi nasceu em 2001, em Nabi Saleh, na Cisjordânia. Em 2012 o jornalista americano Ben Ehrenreich fez uma reportagem sobre a família Tamimi e acabou por considerar a aparência de Ahed com um dos fatores mais importantes para se ter tornado uma ativista tão conhecida no Ocidente: "É preciso muito trabalho para ‘alterar’ a imagem dos palestinianos e para os tornar verdadeiramente reconhecíveis. Quando de repente esta criança não se enquadra nesses estereótipos, por se parecer com uma criança europeia ou americana, todo o trabalho de desumanização parece deixar de funcionar".
Em 2017 Jesse Roberts da Rise Up International e Jesse Locke da AMZ Productions, fizeram um documentário sobre a ativista chamadoRadiance of Resistance (Brilho da Resistência, numa tradução livre para português), e 2022 Ahed Tamini publicou o seu primeiro livro com memórias,They Called Me a Lioness(Eles Chamam-me de Leoa, numa tradução livre para português).
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