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O consumo de música está mais barato, mas também mais poluente

08 de abril de 2019 às 07:34

Apesar do uso do plástico ter reduzido drasticamente na indústria discográfica, o armazenamento, transmissão e escuta de música online levou à emissão de 200 milhões a 350 milhões de quilos de CO2 só em 2016.

A compra e escuta de música estão mais baratas, por causa da Internet, mas têm um maior impacto no ambiente pelo consumo de energia poluente, segundo um estudo divulgado esta segunda-feira pela Universidade de Glasgow, Reino Unido.

A investigação, intitulada "O custo da música", analisou a indústria discográfica e o consumo de música nos Estados Unidos, concluindo que os consumidores gastam menos pela música que ouvem, em particular com o aumento dos serviços de escuta 'online' em 'streamming'.

No entanto, a energia que é gasta para carregar a bateria de todos os dispositivos para a partilhar e ouvir, como telemóveis e computadores, representa um aumento das emissões de gases de efeito de estufa no ambiente.

No estudo são avançados dados concretos sobre o panorama nos Estados Unidos: em 1977, no pico das vendas dos discos de vinil, o consumo de música gerou 140 milhões de quilos de dióxido de carbono, mas em 2016 o armazenamento, transmissão e escuta de música 'online' levou à emissão de 200 milhões a 350 milhões de quilos de CO2.

Do ponto de vista do impacto ambiental, os investigadores apresentam um dado positivo sobre a desmaterialização do consumo de música. O uso de plástico na indústria discográfica desceu drasticamente para oito milhões de quilos, em 2016, quando em 1977 foi de 58 milhões de quilos, produzidos e utilizados.

Em 1988, altura em que prevaleceu o uso e compra de cassetes, a indústria discográfica usou 56 milhões de quilos de plástico e produziu 136 milhões de quilos de gases poluentes. Em 2000, considerado o período de maiores vendas de CD, os valores subiram para 61 milhões de quilos de plástico e 157 milhões de CO2 emitidos.

Ajustando à inflação e ao valor atual de moeda nos Estados Unidos, foram calculados os preços de compra de música em diferentes suportes. Um cilindro de fonógrafo em 1907 custava 13,8 dólares (12,3 euros), um disco de goma laca (1947) ficava em 9,7 euros, um vinil (1977) em 25,4 euros, uma cassete (1988) em 14,8 euros, um CD (2000) em 19,2 euros e um álbum digital (2013) em 9,9 euros.

Apresentando estes dados, o estudo não pretende dissuadir as pessoas de ouvirem música, mas espera que "ganhem consciência da alteração de custos envolvidos no consumo", afirmou o investigador Matt Brennan, citado pela Universidade de Glasgow.

"Esperamos que estes dados incentivem uma mudança para escolhas de consumo mais sustentáveis e serviços que remunerem os autores, ao mesmo tempo que reduzem o impacto ambiental", referiu aquele responsável da investigação.

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