Kemi Badenoch: A primeira mulher negra a liderar um grande partido britânico
Venceu este sábado as eleições internas do Partido Conservador do Reino Unido com 57% dos votos. Foi criada na Nigéria, já trabalhou no Mc'Donalds e já foi nomeada ministra do ano pelos seus ideias radicais e linguagem mordaz.
Kemi Badenoch venceu este sábado (2) as eleições internas do Partido Conservador do Reino Unido, tornando-se, assim, sucessora do ex-primeiro-ministro Rishi Sunak. Com a promessa de devolver ao partido os seus princípios fundadores, de modo a reconquistar o eleitorado que perderam em julho, a deputada conseguiu obter um total de 57% dos votos.
"A tarefa que temos diante de nós é difícil, mas simples. A nossa primeira responsabilidade, enquanto oposição leal de Sua Majestade, é responsabilizar este governo trabalhista", disse Kemi Badenoch este sábado depois de ter sido anunciada a sua vitória.
Com esta nova conquista, Kemi Badenoch torna-se assim primeira mulher negra britânica a liderar um grande partido político da Grã-Bretanha. Autoproclamada de direita, Kemi promete agora o retorno ao "conservadorismo autêntico" para reconstruir um partido que enfrenta dificuldades de retorno ao poder.
Com 44 anos, a deputada não tem apenas na sua mira o governo trabalhista de esquerda, mas também o partido populista de direita Reforme UK, liderado pelo ativista Nigel Farage, que conseguiu atrair eleitores conservadores tradicionais para a sua causa nas eleições de julho deste ano.
"Algumas pessoas dizem que gosto de lutar. Não sei de onde tiraram essa ideia, mas não é verdade. Não gosto de lutar, mas não tenho medo de lutar" disse durante a conferência anual do Partido Conservador, que ocorreu no início deste ano em Birmingham, Inglaterra, enquanto prometia entrar num combate "absurdo de esquerda" pelos ideias conservadores.
Quem é Kemi Badenoch?
Nascida em Wimbledon, nos arredores de Londres e criada pelos pais nos Estados Unidos e na Nigéria, Kemi só regressou à Inglaterra com 16 anos.
Na altura estava sozinha e tinha apenas 100 libras (cerca de120 euros) no bolso quando regressou à sua cidade natal. Foram os pais nigerianos que a enviaram para o Reino Unido, para que a jovem pudesse ter uma vida melhor, longe do caos político da Nigéria e do regime militar. Quando Kemi Badenoch não estava na escola, em Londres,trabalhava no McDonald’s para se conseguir sustentar.
Foi o facto de crescer num local onde "o medo estava por todo o lado" que fez com que Kemi apreciasse a segurança da Grã-Bretanha e se tornasse uma verdadeira defensora dos princípios como a "liberdade de expressão, livre empresa e livre mercado" - princípios estes que terão merecido alguma desistência por parte dos antigos primeiros-ministros como Sunak e Boris Johnson, segundo a deputada. Foi, por isso, que Kemi deu crédito ao pai, um médico que morreu em 2022, por ensiná-la a não ter "medo de fazer a coisa certa, não importa o que as pessoas dissessem".
Concorrente à liderança conservadora de 2022, após a renúncia de Boris Johnson, a deputada culpa a política de esquerda pela destruição da Nigéria. Afirma que foi por isso que se tornou fã da agora falecida primeira-ministra britânica, Margaret Thatcher, com quem acredita compartilhar dos mesmos "valores de autossuficiência, responsabilidade social e merdado livre".
Ex-ministra de Negócios e Comércio, Kemi, de 44 anos, é hoje a mais recente líder do Partido Conservador do Reino Unido, também conhecido como Conservadores.
Tornou-se deputada em 2017, apoiou o Brexit, e enquanto ministra das Mulheres e da Igualdade tornou-se polémica quando exigiu uma alteração à Lei da Igualdade para que o sexo reconhecido seja apenas o biológico. Mais recentemente, a mãe de três filhos perdeu o apoio de muitas mulheres ao considerar o salário-maternidade como "excessivo".
A sua linguagem mordaz e as suas posições radicais sobre questões de política de Identidade levaram-na até a ser nomeada como ministra do ano pelo site ConservativeHome, em 2023.
Kemi Badenoch é conhecida pela sua atitude desmetida. Acredita que o conservadorismo está em crise e que o seu partido tem de "voltar ao caminho certo", já que perdeu de visa os seus princípios e valores. A prova foi a derrota do Partido Conservador nas eleições gerais de julho, onde passaram de 365 assentos e de uma maioria absoluta para 121 assentos.
Desde a derrota dos Conservadores e da renuncia de Rishi Sunak, que Badenoch tem dominado as manchetes do Reino Unido. Assim como Robert Jenrick, ex-ministro da Imigração no governo de Sunak, foram apontados como sendo os dois candidatos na disputa pela liderança.
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