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Fim dos fatos de "enfermeira sexy" à vista?

Andreia Antunes com Ana Bela Ferreira 31 de outubro de 2023 às 19:23

Ordem espanhola frisa que os disfarces de Halloween afetam a imagem da profissão, numa iniciativa semelhante à ocorrida no Canadá em 2022.

O Conselho Geral de Enfermagem de Espanha, o equivalente à ordem profissional, fez um apelo aos retalhistas para deixarem de vender fatos de Halloween de "enfermeira sexy", com a justificação de que os fatos prejudicam a perceção pública da profissão e perpetuam uma imagem "sexualizada, trivial e frívola" das mulheres.

"No momento em que as pessoas se preparam para celebrar o Dia das Bruxas e o Dia de Todos os Santos, o Conselho Geral de Enfermagem lamenta a proliferação de disfarces com conotações ofensivas e degradantes para a profissão", refere um comunicado do Conselho.

O órgão que representa cerca de 300 mil enfermeiros e enfermeiras em Espanha assinala que também os fatos de enfermeira "zombie e assassina" não favorecem as enfermeiras, não tendo lugar numa sociedade moderna e igualitária.

"Tomem como exemplo os fatos de enfermeira muito curtos e sensuais que não têm qualquer semelhança com os verdadeiros uniformes e os fatos banhados em sangue, os de assassino e os de morto-vivo, todos eles típicos desta celebração que se tornou tão enraizada no nosso país, especialmente entre as crianças e os jovens", adianta o Conselho.

Os enfermeiros insistem também para que as lojas e retalhistas deixem de vender trajes que "paradoxalmente associam a morte e o assassínio" aos profissionais cuja função é curar e ajudar pessoas. "Estes fatos prejudicam a imagem pública de uma profissão cuja dedicação exige não só qualificações académicas e universitárias de alto nível, mas que também é reconhecida como um bastião da qualidade dos cuidados de saúde", afirmou o presidente Florentino Pérez Raya. 

O conselho disse que os pais e outras pessoas têm um papel importante a desempenhar quando se trata de combater as imagens nocivas da profissão. "Apelamos a todas as mães e pais para que não vistam os seus filhos e filhas com disfarces ofensivos para a profissão, porque é assim que estas práticas se normalizam e se prolongam até à idade adulta", frisou a vice-presidente, Raquel Rodríguez Llanos.

Em 2022, os enfermeiros canadianos lançaram um apelo semelhante, mencionando que a "erotização da profissão" era social e profissionalmente inaceitável.

"A profissão evoluiu, mas os estereótipos persistem, os enfermeiros exercem uma profissão científica e os seus conhecimentos devem ser mais conhecidos e valorizados", afirmou Luc Mathieu, presidente da ordem dos enfermeiros do Quebeque. "É altura de mudar perceções."

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