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Arte chocalheira é Património Cultural Imaterial da UNESCO

01 de dezembro de 2015 às 15:45

Classificação do fabrico de chocalhos considerada "um grande orgulho" pelos promotores da iniciativa

O presidente da Turismo do Alentejo, António Ceia da Silva, considerou hoje um "enorme orgulho" a classificação pela UNESCO da arte chocalheira em Portugal como Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente.

"É um momento de enorme orgulho e satisfação", congratulou-se, lembrando tratar-se de uma "candidatura nacional, mas promovida pela Turismo do Alentejo e com base no trabalho técnico e científico à volta da arte chocalheira na freguesia de Alcáçovas, no concelho de Viana do Alentejo", distrito de Évora.

Ceia da Silva falava à agência Lusa na sequência da decisão de hoje da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO), que reconheceu o fabrico de chocalhos como Património Cultural Imaterial com Necessidade de Salvaguarda Urgente.

A candidatura de Portugal sobre este ofício tradicional, em risco de extinção, foi aprovada na 10.ª reunião do Comité Intergovernamental da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, a decorrer em Windhoek, capital da Namíbia, até sexta-feira.

Coordenado pelo antropólogo Paulo Lima, o processo foi liderado pela Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo, em colaboração com a Câmara de Viana do Alentejo e a Junta de Freguesia de Alcáçovas.

O presidente da ERT dedicou o "selo" da UNESCO "a todos os alentejanos" e partilhou-o "com todos os agentes do turismo e com aqueles que têm trabalhado neste sector", assim como com os mestres chocalheiros.

"Aqueles que mantiveram viva esta tradição são, obviamente, os grandes homenageados hoje", frisou.

Com mais esta inscrição, o Alentejo, região do país onde o fabrico de chocalhos tem "a maior expressão a nível nacional", passa a deter dois bens classificados como Património Cultural Imaterial pela UNESCO, após o reconhecimento do cante, em 2014.

Segundo Ceia da Silva, este novo "selo" vem ao encontro da "linha de intervenção estratégica" da Turismo do Alentejo, a qual "tem como um dos pontos fundamentais a questão identitária".

"Temos hoje consciência de que, face ao novo perfil do turista e às novas características do turista do futuro, os destinos distintivos, diferentes e diferenciadores", que apostem nas "questões da identidade", vão ser os "mais competitivos", disse.

Por isso, continuou, esta classificação, a segunda "em dois anos consecutivos", representa "imenso" enquanto afirmação do destino turístico do Alentejo.

E, por ser uma actividade tradicional à beira da extinção, restando poucos mestres chocalheiros no país, os promotores da candidatura estão a desenvolver um plano de salvaguarda para "garantir a sustentabilidade e transmissão de uma arte iniciada há mais de dois mil anos no Alentejo", realçou a ERT.

"Todas as candidaturas têm um plano de gestão que é obrigatório e, claramente, há uma linha de intervenção que vamos seguir, no sentido de preservar esta arte" e para que "possa sair valorizada com esta classificação", sublinhou Ceia da Silva.

Para o coordenador do dossiê, Paulo Lima, a distinção da UNESCO pode ajudar a "chamar a atenção" para "uma arte invisível, para um som, a que quase" não se liga "por ser tão presente" no campo, "mas que está à beira da extinção".

Também o presidente da Câmara de Viana do Alentejo e a presidente da Junta de Freguesia de Alcáçovas, Bernardino Bengalinha Pinto e Sara Pajote, respectivamente, saudaram o "selo" da UNESCO.

"A classificação contribuirá, seguramente, para o desenvolvimento do concelho e da região" e "valoriza os chocalheiros e esquilaneiros", disse Bengalinha Pinto, enquanto Sara Pajote considerou que Alcáçovas e os artesãos locais deste ofício "têm agora uma responsabilidade acrescida no incremento e preservação de uma arte milenar".

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