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Afinal o que é uma masterclass sobre sexo? A psicóloga explica

Vanda Marques 15 de junho de 2025 às 10:00

Susana Dias Ramos quer acabar com mitos e preconceitos em relação à sexualidade feminina. Defende que uma boa relação com o corpo aumenta a autoestima e a confiança.

Já foram mais de 600 mulheres a participar nasmasterclass Sexualidade Feminina 100 Segredos que a psicóloga organiza em vários pontos do País. A próxima será em Braga, no dia 21 de junho. Susana Dias Ramos defende que são dirigidos a mulheres e "onde o assunto é o seu próprio corpo e a forma como podemos ser cada vez mais felizes e tranquilas".

A psicóloga explica que criou estas sessões porque tinha uma "procura massiva nas consultas". E esclarece: "Achei que grande parte dessa procura poderia ser resolvida com formação. Há muita falta de informação quando o assunto é relacionamentos e sexualidade. Aprendemos tudo na escola, menos a amar". Para Susana Dias Ramos até se fala demasiado de sexo, só que de forma leviana e sem conhecimento. "As pessoas quando falam partilham experiências pessoais e opiniões, na grande maioria das vezes com um fundo muito errado."

Para a especialista o maior mito é que a sexualidade é natural. "O mito de que não precisa de educação. Que somos todas iguais. Mas há um mito que é cultural e é muito difícil de mover, é que a sexualidade anda de mão dadas com o amor." Segundo aponta Susana Dias Ramos, as mulheres ainda se conhecem pouco e percebe isso quando faz as masterclass e se confronta com vários preconceitos. O maior? "Que o homem é mais capaz sexualmente que a mulher. Não é! Nem de longe nem de perto. Não tem o mesmo nível de desejo ou prazer sexual. A mulher, é, por excelência, o supra sumo da realização sexual."

A psicóloga, que é muito ativa nas suas redes sociais, confessa que algumas histórias que as participantes partilham consigo a surpreendem. Partilha com a SÁBADO uma que não esqueceu: "Uma senhora que nunca tinha sentido um orgasmo ao fim de 30 anos de casamento. Para ela o sexo era muito stressante, desencadeando ataques de pânico que a levavam ao hospital. Nunca foram ataques de pânico. Ao descrevê-los percebi que eram orgasmos". Como defende, é essencial educação e não ter vergonha de fazer perguntas e de procurar a informação correta. A terapeuta diz que o sucesso das sessões deve-se "à partilha sincera, sem paninhos quentes. Não escondo informação, partilho tudo e tento resolver os problemas que me trazem na hora".

Conselhos da especialista

Susana Dias Ramos defende que as mulheres devem ser responsáveis pelo seu próprio desejo. "Não podemos terceirizar desejo ou prazer. O parceiro ou parceira são apenas e só isso, companheiros no sexo a dois. Tudo o resto é orgânico", diz à SÁBADO. O mais importante, alerta, saber que a sexualidade é importante na vida de todas as pessoas. Vantagens? "Uma mulher sexualmente resolvida tem uma organização hormonal que outras não têm além do aumento da autoestima e da sua confiança."

A psicóloga, que também foi comentadora em reality shows como Big Brother, deixa três conselhos essenciais: "conhecer o seu próprio corpo; aprender a ter um orgasmo em menos de 1 minuto e não terceirizar o desejo ou o prazer". E quanto aos brinquedos sexuais? Acredita que podem ajudar. "Ajudam no sentido de compreendermos o nosso corpo. Não há julgamento quando estamos a sós connosco o que nos nos dá uma liberdade total", sublinha.

Quando questionada sobre as diferenças entre desejo sexual feminino e masculino, esclarece: "A resposta sexual é diferente, o desejo não. A ideia que nos passam de que o homem tem mais necessidades e vontades não passa de ideias de uma sociedade machista que desculpabiliza traições desnecessárias". E vai mais longe: "A nossa sexualidade é única, una, inquietante e privada. Ninguém nunca a vai conhecer tão bem como nós mesmas".

No que se refere à educação sexual e sobre como é que este tema pode ser abordado com crianças, Susana Dias Ramos sustenta que se deve abordar o assunto quando houver curiosidade por parte das crianças. "A linguagem deve ser sempre adaptada às idades, mas ocultar ou esconder nunca é solução. Infelizmente estamos a viver numa geração em que os miúdos têm acesso à pornografia muito cedo e esse tipo de aprendizagem é profundamente errada."

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