O novo Presidente está no Porto para encerrar as cerimónias de tomada de posse. Recebido por centenas de pessoas, incluindo o famoso Manuel do Laço, pediu que Portugal se concentre mais naquilo que tem de bom
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considera que "é tempo de falar menos" do que deprecia Portugal e "falar mais" do que o que o país tem de melhor. "Dos nossos defeitos falamos nós e falam outros por nós, em demasia", disse, "Portugal precisa de quem recorde a coragem e a tenacidade dos portugueses".
Apontando o Porto, que visita esta quinta-feira, como uma cidade que "nunca cedeu ao desalento, ao pessimismo, ao derrotismo", o chefe de Estado afirmou ser "essencial" para todos "este sublinhado de virtudes, assumidos sem complexos e com desassombro". "O que nos divide e diminui conhecemos todos, das ideias aos factos, ao comprazimento com as previsões erradas ou que vão errar, com os caminhos outrora sem saída ou que a não terão no futuro, como o júbilo perante as agruras ou os insucessos dos adversários", referiu, sublinhando: "é tempo de falar menos do que nos deprecia e falar mais do que nos valoriza".
Marcelo apelou ainda aos portuenses para que "jamais troquem a liberdade, o seu rigor no trabalho, os seus gestos de luta e de coragem por qualquer promessa de sebastianismo político ou económico". "O futuro é obra de todos, não é dádiva de ninguém", disse.
O chefe de Estado pediu ainda para que "nunca se rendam à ideia errada de que quase nove séculos de história ou de poder são obra do acaso, que é uma fatalidade que Portugal esteja votado a ser pobre, dependente, injusto, sem lugar para a vontade dos portugueses". "Temos de acreditar em nós próprios e no que valemos e podemos" para que "as crises deixem de ser o único horizonte possível" e "para que seja possível, ao menos de quando em vez, abrir caminho ao sonho", disse.
O Presidente da República considerou, ainda, que o Porto é "de algum modo o berço da liberdade e da democracia". "Aqui vir e aqui estar hoje a terminar as cerimónias de posse iniciadas em Lisboa é, a dois títulos, simbólico. É simbólico como homenagem ao Porto, ao seu passado, ao seu presente e ao seu futuro. É simbólico como sublinhado de virtudes nacionais num tempo atreito a desânimos, desilusões e desavenças", afirmou nos Paços do Concelho.
E foi na cerimónia na Câmara da cidade Invicta, que Marcelo ouviu o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, pedir que o Presidente "lute contra a desigualdade e a injustiça" e defenda uma mudança de mentalidades para "um Portugal menos centralista". "Com a sua voz e a sua autoridade, peço-lhe que lute contra a desigualdade e injustiça. Erga também a sua voz em defesa de um Portugal menos centralista, um Portugal que deixe enfim respirar os que querem ousar, arriscar, fazer mais e melhor. Estamos a falar de muito mais do que um centralismo de interesses. Estamos a falar de mentalidades e da sua necessária mudança", afirmou o autarca independente na recepção formal ao novo PR.
Moreira disse ainda a Marcelo Rebelo de Sousa acreditar que "é na proximidade" que o PR vai desenvolver o seu mandato. "Ao longo do dia, irá sentir que esta cidade, liberal e aberta, tolerante e abrangente, está próxima de si. O Porto saberá sempre acolhê-lo e incitá-lo a continuar na jornada de todos unir", sublinhou.
Marcelo Rebelo de Sousa chegou à Praça General Humberto Delgado, junto aos Paços do Concelho, às 11h00 em ponto, foi recebido pelo presidente da Câmara do Porto, acenou às centenas de populares que o aguardavam, ouviu o Hino Nacional e passou revista à Guarda de Honra.
Quando seguia para o edifício municipal, o novo PR parou a meio da rampa de acesso à porta principal da Câmara para dar um aperto de mão ao conhecido adepto do Boavista Manuel do Laço, vestido a rigor com o padrão axadrezado do clube, que lhe quis transmitir "um grande abraço, com muita saúde" e dizer que "está a trabalhar muito bem".
O novo Presidente da República encerra hoje no Porto a cerimónia da tomada de posse iniciada na quarta-feira, e o dia ainda incluiu uma ida ao bairro do Cerco e a uma exposição sobre o vereador da Cultura que morreu em Novembro, Paulo Cunha e Silva.
Marcelo: "É tempo de falar mais do que nos valoriza"
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