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Trabalhadores consideram proposta da EDP para aumentos de 0,5% "uma miséria"

14 de abril de 2021 às 12:53

O salário mais baixo da EDP, que tem cerca de 6.000 trabalhadores, é de 1.000 euros. O sindicato considera os aumentos propostos como sendo insuficientes.

Representantes da Fiequimetal consideraram hoje a proposta da administração da EDP para aumentos salariais de 0,5% "uma miséria" e garantiram que vão continuar a lutar por um aumento que valorize os trabalhadores.

Uma delegação sindical da Federação Intersindical das Indústrias Metalúrgicas, Químicas, Elétricas, Farmacêutica, Celulose, Papel, Gráfica, Imprensa, Energia e Minas (Fiequimetal - CGTP-IN) reuniu-se hoje em frente à sede da EDP, em Lisboa, para uma conferência de imprensa para fazer o ponto de situação das negociações da tabela salarial que têm estado a decorrer com a administração, no mesmo dia da Assembleia Geral Anual de Acionistas.

"Durante seis reuniões [a empresa] andou a dizer que não pretendia aumentar salários, depois lá foi, timidamente, alterando e, neste momento, está com 0,5 [%], que é uma miséria para uma empresa que teve 801 milhões de euros de lucro, que está disposta, ainda hoje na assembleia de acionistas que já deve estar a decorrer, estão a decidir distribuir aos acionistas 755 milhões", disse à Lusa Joaquim Gervásio, representante da Fiequimetal responsável pelas negociações com a EDP e trabalhador na empresa há 34 anos.

Os trabalhadores estiveram reunidos com a empresa na terça-feira, durante várias horas, tendo a EDP proposto um aumento salarial de 0,5%, que o sindicato considera ser insuficiente.

"A nossa proposta inicial eram 90 euros e, por enquanto, é essa que estamos a manter, mas estávamos abertos a negociação, nós dissemos inclusivé à empresa que não aceitávamos começar a negociar enquanto a empresa não pusesse na mesa pelo menos o equivalente àquilo que subiu o salário mínimo nacional, porque isto é uma empresa que tem trabalhadores muito especializados, são trabalhadores altamente especializados, necessitam de ser valorizados", afirmou Joaquim Gervásio.

Segundo o dirigente sindical, os trabalhadores, "que geram a riqueza", sentem-se menos valorizados do que os acionistas, que "só compram ações uma vez" e recebem os dividendos todos os anos.

"Por outro lado, quando a EDP diz que está disposta a gastar 10 milhões de euros numa 'startup' qualquer, para descobrir qualquer coisa de inovador, e está disposta a dar 2,4 milhões de euros ao seu ex-gestor [António Mexia], apenas para ele ficar calado, para ele não contar os segredos da empresa a ninguém, é caricato, não é? É que não é meia dúzia de tostões, são 2,4 milhões de euros em três anos. É muito dinheiro e para os trabalhadores, zero, ou pouco mais", apontou o responsável.

O sindicato tem já uma greve nacional marcada para dia 20 de abril, com uma concentração de trabalhadores em frente à sede da empresa a partir das 11:00 no mesmo dia, e desafiaram todos os trabalhadores a aderir, independentemente da sua filiação sindical.

"A empresa não tem mostrado abertura nenhuma para subir. [...] Enquanto não houve greve marcada eles estavam em 0,2 [%], só agora é que já passaram para 0,5 [%], só que nós achamos que ainda não é suficiente, que os trabalhadores não aceitariam que nos assinássemos um acordo com tão pouco valor", sublinhou.

Na greve nacional, os trabalhadores pretendem, disse Joaquim Gervásio, "mostrar à administração nova do engenheiro Miguel Stilwell de Andrade, que não é assim que ele consegue conquistar os trabalhadores, que, para conquistar os trabalhadores, tem de aprender a valorizar o trabalho que eles fazem e a valorizar os salários que eles merecem".

O salário mais baixo da EDP, que tem cerca de 6.000 trabalhadores, é de 1.000 euros.

Os acionistas da EDP reúnem-se hoje em assembleia-geral onde, entre outros pontos, vão eleger o Conselho Geral e de Supervisão (CGS), que terá como presidente o antigo gestor da elétrica, João Talone, que substitui Luís Amado, e para aprovar a distribuição de mais de 750 milhões de euros de dividendos.

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